Betinho Marques – Dátolo, um ídolo espontâneo, um poeta real e contemporâneo do atleticanismo


“Vestir a camisa do Galo não é para todo mundo.”

Em mais uma visita a Belo Horizonte, para o jogo festivo Desafio de Gigantes, em homenagem aos 60 anos do Mineirão, Jesús Dátolo, em poucas e eficientes palavras, sintetizou o que é ser Galo.

Certa vez, havia afirmado que jogar pelo Atlético era como beijar o pai, a mãe e que estava entre as melhores coisas da vida. Ao chegar ao Gigante da Pampulha, indagado por este escriba sobre o clássico que se avizinha e se não desejava já ficar em BH para vestir a 10 no clássico, o argentino foi espontâneo e contundente:

“O Galo está precisando de fechamento — fechamento do grupo, principalmente, não só de um camisa 10. Tem que fechar. Quando não está legal, tem que fechar dentro de campo e fora também, e tem que entender que vestir a camisa do Galo não é para todo mundo. Tem que entrar em campo e deixar a vida, tem que entrar fechadinho, todo mundo tem que fechar lá para conseguir o triunfo.”

O argentino, que jogou na seleção argentina e foi um dos protagonistas da conquista da Copa do Brasil de 2014 sobre o rival azul, ainda ponderou sobre a atleticanidade:

“Atlético é isso: é fechamento, arrepia, é família. É isso que eu sinto. É isso que eu sinto cada vez que você me pergunta.”

Quando o referencial é a gente, que nasceu dentro do preto e do branco, parece que talvez sejamos românticos demais e “usuários” das hipérboles. Muitas vezes, somos até apedrejados por sermos da “vibe” do Vander Lee — ou seja, loucos, desvairados por essa sandice atleticana interminável.

Mas, quando vemos outros apaixonados como Dátolo reafirmarem que a melhor poesia da vida é a prática do que está no peito, com olhos reluzentes ao falar do Galo, talvez ratifiquemos que foi por isso que, antes de qualquer conta matemática — que também adoramos —, nosso coração de criança se apaixonou foi por essa comunhão de ser atleticano.

Dátolo foi um ídolo recente, mas também é um poeta — exatamente por conseguir traduzir algo tão difícil na nossa temporalidade: o sentimento. Afinal, para muitos, o amor é muito brega.

Mas nós vibramos em outras frequências; seguiremos bregas, apaixonados e, como Dátolo, de olhos brilhantes toda vez que, numa frase qualquer, a palavra “Galo” sair. Afinal, o Galo é. O resto está.

Galo, som, sol e sal é fundamental!