
Depois de se tornar uma febre na internet nos últimos meses, o popular "sofá na caixa" passou a acumular uma chuva de reclamações.
Fundada em 2024 por Rubens Stuque, a empresa — que se chama "Sofá na Caixa" — ficou conhecida por vender sofás modulares comprimidos em caixas.
Uma forte campanha de marketing digital fez com que a empresa faturasse milhões logo no início.
Segundo Stuque, o projeto rendeu R$ 1,6 milhão só na primeira semana de operação.
No entanto, a marca vem enfrentando uma crise de credibilidade após uma onda de reclamações por atrasos, falta de resposta e produtos não entregues.
Casos de pessoas que pagaram caro e esperaram meses sem receber o sofá se multiplicaram.
Diversos clientes também relatam dificuldade de contato e de obter cancelamentos e ressarcimentos.
Para se ter uma ideia, o Procon-SP registrou 614 queixas de janeiro a agosto de 2025, um aumento de 126% em relação a 2024.
A Secretaria Nacional do Consumidor teve 88% mais reclamações sobre produtos não entregues pela empresa em 2025.
No Reclame Aqui, o perfil do "Sofá na Caixa" tem mais de 5.400 reclamações só nos últimos 12 meses, sendo classificada como "não recomendada" pelos consumidores.
Stuque reconhece os problemas, mas afirmou, em entrevista à BBC Brasil, que os pedidos em atraso representam apenas 6,5% do total e que a empresa já entregou 100 mil sofás.
Ele atribui parte das dificuldades à sobretaxa sobre o poliol, insumo essencial na fabricação das espumas, imposta pelo governo federal em julho de 2025, além de problemas logísticos.
O empresário prometeu reduzir pela metade as reclamações até o fim do ano e diz que resolver pedidos e reembolsos é prioridade.
O Procon-SP, entretanto, notificou novamente a Sofá na Caixa por descumprir acordos anteriores e ameaça multá-la e incluí-la na lista “Evite Esses Sites” caso não apresente soluções.
Especialistas apontam que o sucesso repentino e o modelo 100% online — aliado à alta demanda gerada por publicidade — fizeram a empresa vender mais do que podia produzir, gerando o colapso.
Consumidores criaram grupos e perfis em redes sociais para denunciar o problema, como o “Nunca Sai da Caixa”, posteriormente suspenso pelo Instagram.
Enquanto alguns clientes conseguiram reembolso ou entrega tardia, outros recorrem à Justiça, com ações nos Juizados Especiais Cíveis.
Advogados orientam que consumidores mantenham registros das tentativas de contato e busquem canais oficiais como Procon e Consumidor.gov.br.
Apesar da crise, Stuque nega que a Sofá na Caixa seja um golpe e afirma que o negócio continua operando normalmente.
Atualmente, a empresa conta com três fábricas no Brasil e espera faturar R$ 117 milhões em 2025.