Estudos do projeto Observatório Popular do Mar (Omara) revelam que o mar está avançando sobre o rio Amazonas e contaminando a água doce. A salinização já afeta comunidades do arquipélago do Bailique, no Amapá. O problema, antes sazonal, agora ocorre o ano inteiro, agravado por desmatamento e mudanças climáticas.

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Iepa) e da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) apontam que a água potável se tornou escassa na região. O governo instalou uma máquina de dessalinização com capacidade de 3 mil litros por dia. Apesar disso, a solução ainda é considerada paliativa diante da gravidade do fenômeno.

Para conter o avanço do mar, especialistas propõem o engordamento artificial da faixa de areia, a instalação de recifes artificiais e a construção de moles (estruturas de proteção costeira). Tais soluções, contudo, demandam planejamento técnico e ambiental, além de estudos aprofundados sobre o comportamento oceânico.

O projeto Omara monitora a costa amazônica com tecnologia adaptada do sistema CoastSnap. Segundo os cientistas, o avanço do mar afeta o clima, os rios e o modo de vida local. Entender essa dinâmica é essencial para preservar o território e orientar políticas públicas eficazes.

O rio Amazonas, aliás, pode abrigar um grande aquífero subterrâneo que flui a cerca de 4 mil metros de profundidade. Descoberto em 2010, o rio Hamza percorre os estados do Amazonas, Amapá e Pará, desaguando no Atlântico.

Por ser considerado um aquífero, o Hamza é uma formação geológica que armazena e transporta água por meio de camadas porosas, sem um canal definido.

O Hamza foi descoberto durante a pesquisa de doutorado de Elizabeth Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e recebeu o nome em homenagem ao geofísico e hidrogeólogo Valiya Mannathal Hamza, seu orientador.

A pesquisa analisava o fluxo geotérmico na região de poços de petróleo perfurados pela Petrobras nos anos 1970.

O Hamza apresenta características de um curso d’água: tem nascente e foz, vazão e diferentes velocidades.

Sua nascente provavelmente fica no Acre, alimentada por águas infiltradas dos rios da Bacia Amazônica e pelas chuvas.

Ele percorre uma extensão semelhante a do rio Amazonas, cerca de 6 mil quilômetros, com largura variável entre 1 e 60 quilômetros, dependendo das bacias sedimentares.

Uma das principais diferenças em relação ao Amazonas é a velocidade do fluxo: o Hamza se move de 10 a 100 metros por ano, enquanto o Amazonas flui a cerca de 5 metros por segundo. A existência do Hamza gerou debates e ceticismo na comunidade científica.

Muitos especialistas afirmam que ele não deveria ser chamado de “rio”, já que sua dinâmica corresponde a um aquífero profundo e não a um rio subterrâneo tradicional.

Há também dúvidas quanto à metodologia usada, baseada em evidências indiretas.

Além disso, há divergências sobre se suas águas são doces ou salgadas, o que afetaria sua interação com o ecossistema amazônico e o Oceano Atlântico.

Se confirmado, o Hamza poderia alterar a compreensão do balanço hídrico da Amazônia e sua influência no Atlântico. Mais de uma década depois, ainda é considerado uma hipótese científica não comprovada, por falta de validação independente e estudos aprofundados.

Mesmo assim, sua proposta despertou grande interesse pela hidrogeologia profunda da Amazônia.

Considerado também o maior rio do mundo em volume de água, o rio Amazonas nasce nos Andes peruanos e percorre países como Peru, Colômbia e principalmente o Brasil, até desaguar no Oceano Atlântico.

Sua bacia hidrográfica é a maior do planeta, abrangendo mais de sete milhões de quilômetros quadrados.

Além disso, o rio Amazonas abriga uma imensa diversidade de espécies animais e vegetais, sendo essencial para o equilíbrio ecológico da Amazônia.

O rio é vital para o clima global e sustenta comunidades locais, além de ser uma importante via de transporte.