O cantor Alceu Valença, 78, ficou com o prêmio “Artista” na categoria “Raízes” da 32ª edição do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira.

A cerimônia de premiação aconteceu no dia 4 de junho no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Alceu Valença concorria também na categoria “Álbum” pelo disco “Bicho Maluco Beleza - É Carnaval”, lançado em janeiro de 2024. Porém, a premiação ficou com “Mariana e Mestrinho”, de Mariana Aydar e Mestrinho.

Nascido em São Bento do Una, no agreste de Pernambuco, em 01/07/1946, Alceu Paiva Valença é um cantor, compositor e instrumentista consagrado nacionalmente.

Sua obra funde ritmos nordestinos tradicionais, tais como baião, frevo e toada, com rock. As letras possuem forte carga poética e influência dos cantadores da região.

Neto de um poeta e violeiro, logo na infância Alceu se interessou por música. Com apenas 10 anos, ele mudou-se para Recife, onde desenvolveu sua relação com os sons brasileiros. Cinco anos mais tarde, ganhou seu primeiro violão.

Antes de iniciar sua bem-sucedida carreira musical, Alceu Valença cursou a faculdade de Direito na capital pernambucana. Além de obter o diploma do curso em 1970, ele também chegou a trabalhar como jornalista na cidade.

No ano seguinte, o pernambucano partiu para o Rio de Janeiro ao lado de Geraldo Azevedo, seu amigo que também se tornaria um músico nordestino célebre em todo o território nacional.

Ainda durante a década de 70, o artista lançou seus primeiros discos, inclusive ao lado de Geraldo Azevedo. Seu disco de estreia, “Quadrafônico”, de 1972, foi feito em parceria com o músico de Petrolina e traz composições como “Talismã”.

Na época, ele fez trabalho também como ator no filme “A Noite do Espantalho”, em que interpretou o protagonista. O longa-metragem, com direção do músico Sérgio Ricardo (1932 - 2020), foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar, mas não foi indicado ao prêmio.

Em 1972, ele se apresentou ao lado de Jackson do Pandeiro e Geraldo Azevedo no VII Festival Internacional da Canção. Porém, a performance com a música “Papagaio do Futuro”, no Maracanãzinho, não avançou de fase.

Em 1980, Alceu Valença lançou o disco que o projetou nacionalmente. Trata-se de “Coração Bobo”, pela gravadora Ariola. A música-tema fez sucesso pelas rádios do Brasil e tornou seu nome popular.

Em 1985, o pernambucano fez shows em duas noites da primeira edição do Rock in Rio, que foi um marco na história dos festivais em território brasileiro.

Nos anos 90, o artista pernambucano juntou-se a outros três famosos representantes da música nordestina - o próprio Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Elba Ramalho - no projeto “O Grande Encontro”, série de shows realizados em variadas cidades do Brasil.

“O Grande Encontro” foi sucesso de público e crítica. O show foi gravado e lançado em disco pela gravadora BMG.

A projeção de sua música levou Alceu Valença ao festejado Festival de Jazz de Montreux, na Suíça, em 2000.

Na ocasião, ele participou da noite “Pernambuco em canto: carnaval de Olinda”, com Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Moraes Moreira (1947 - 2020) e o percussionista Naná Vasconcellos (1944 - 2016).

O cancioneiro de Alceu Valença é repleto de hits conhecidos nacionalmente. São de sua autoria, por exemplo, clássicos como “La Belle de Jour”, Tropicana”, “Anunciação”, “Girassol”, “Como Dois Animais” e a já citada “Coração Bobo”. Seu repertório carnavalesco é amplamente conhecido.

O último disco lançado por Alceu Valença, “Bicho maluco beleza – É Carnaval”, de 2024, traz releituras do repertório carnavalesco do pernambucano em duetos com cantores como Geraldo Azevedo, Ivete Sangalo, Lenine (foto) e Maria Bethânia.

Alceu Valença é casado desde 2004 com a advogada carioca Yanê Montenegro. Ele é pai de quatro filhos - Ceceu (foto), Juba, Clara e Rafael. Os dois primeiros seguiram carreira na música.