Símbolo da Argentina desde o século XIX, o alfajor também se destaca no Brasil em algumas regiões. Afinal, a marca gaúcha Odara conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial del Alfajor 2025, realizado em Buenos Aires, capital do país hermano.

Na quarta edição, o campeonato reuniu 120 marcas de 12 países e teve o intuito de celebrar a tradição e a diversidade de receitas do doce mais emblemático da América Latina.

A marca gaúcha Odara medalhou na categoria de Melhor Alfajor Triplo do Mundo com seu produto mais vendido. O doce é recheado com dupla camada de doce de leite e coberto com chocolate meio amargo.

"Esse reconhecimento é mais do que uma medalha: é a prova de que o Brasil tem lugar de destaque na tradição do alfajor latino-americano", destacou Jeison Scheid, CMO da Odara.

Além do reconhecimento internacional, a Odara atingiu produção recorde de um milhão de unidades mensais, um ano após sua operação ser paralisada pela enchente histórica. Ela, no momento, tem mais de 10 mil pontos de venda pelo país.

Acredita-se que a receita do alfajor tenha se originado com os árabes, que a introduziram na Península Ibérica durante a ocupação muçulmana por volta do século VIII.

Originalmente, o doce era feito com uma mistura de mel, amêndoas, nozes e pão ralado. Assim, o nome vem do árabe "al-hasú", que significa "recheado", e "al-fakhir", que quer dizer luxuoso.

O doce se espalhou pela Espanha e, com o tempo, passou por diversas adaptações, mas manteve a base de dois biscoitos unidos por um recheio.

Dessa forma, a palavra "alfajor" foi documentada em dicionários espanhóis no século XIV, como uma variação da receita original.

Em sua história, o popular doce alfajor chegou à América Latina através da colonização e foi adaptado aos ingredientes locais.

Com a colonização espanhola na América no século XVI, o alfajor não demorou muito para chegar aos países hispânicos, incluindo a Argentina. Entretanto, o doce passou a contar com diversas versões, variando conforme cada região do continente.

Na Argentina, a versão com doce de leite se tornou a mais popular e um símbolo nacional, sendo produzida tanto artesanalmente quanto em escala industrial.

Por lá, o químico francês Dr. Augusto Chammas é considerado o pioneiro na produção em massa do doce, fundando a primeira fábrica em 1869, o que impulsionou sua popularidade no país.

O primeiro alfajor argentino, no entanto, foi o "santafesino", criado em 1851, que possui três camadas de massa e cobertura de merengue.

Contudo, no Brasil, a produção industrial de doces tem uma história diferente, com a influência inicial dos portugueses e o desenvolvimento posterior de indústrias nacionais de alimentos.

Entre essas indústrias, estão as de leite condensado e chocolate em pó, que impulsionaram doces tipicamente brasileiros como o brigadeiro.

O alfajor Havanna vem da Argentina, onde a empresa foi fundada em 1947, em Mar del Plata. A marca é reconhecida mundialmente por exportar 10 milhões desses doces por ano.

O alfajor "gramadense" não tem uma origem histórica em Gramado, mas sim uma apropriação e adaptação local do doce. A produção está ligada ao desenvolvimento da indústria de chocolate artesanal na cidade.