Anthony Hopkins deu uma declaração reveladora em entrevista recente à 'New York Times Magazine': “Eu poderia ter matado alguém, ou a mim mesmo, o que eu não me importava”. O relato remonta a 1975, quando, em blackout alcoólico, quase causou um acidente fatal. Uma voz misteriosa o fez abandonar a bebida instantaneamente. Desde então, vive há 50 anos em sobriedade.

Pouco antes do lançamento de sua autobiografia, o ator galês compartilhou uma jornada marcada por caos, solidão e redenção. O livro, aliás, revela episódios como o afastamento da filha, bullying na infância e sua virada espiritual. Ele reflete sobre o sentido da existência e a improvável sorte que o levou ao estrelato.

Ao publicar suas memórias. Em “We did ok, kid” (Até que deu tudo certo, na versão em português), livro autobiográfico lançado em 4//11/2025 no Brasil, o ator compartilhou o momento em que percebeu que sofria da doença.

Consagrado como ator, Hopkins evitou os excessos na era dourada de Hollywood e canalizou sua intensidade em personagens densos. Embora admire filmes como "O Silêncio dos Inocentes", afirma que são apenas entretenimento, não verdades maiores.

Há pouco menos de 2 meses de completar 88 anos, em dezembro de 2025, ele reflete com humildade sobre a vida, celebrando o mistério que permeia cada ato vivido.

Enquanto isso, Hopkins exibe uma vitalidade admirável. Longe de desacelerar, o ator — conhecido por papéis icônicos, como o já citado “O Silêncio dos Inocentes”, além de “Retorno a Howards End” e “Lendas da Paixão “ — segue ativo.

Nas redes sociais, o veterano de Hollywood compartilha reflexões filosóficas, grava vídeos tocando piano e até dança com bom humor.

Sem ingerir bebidas alcoólicas há meio século, Anthony Hopkins já compartilhou, inclusive, um vídeo em seu perfil no Instagram para comemorar o longo tempo de sobriedade.

O ator também adotou alguns hábitos na alimentação que ajudam a explicar a vitalidade: cortou alimentos ultraprocessados e açúcar. Ele já fez essas revelações em entrevistas e também a seus seguidores nas redes sociais.

Anthony Hopkins é um dos nomes mais respeitados do cinema mundial. Com uma carreira que atravessa mais de seis décadas, o ator conquistou o público e a crítica pelo talento e também pela história de vida marcada por disciplina, reinvenção e superação.

Ele nasceu em 31 de dezembro de 1937, em Port Talbot, município localizado no País de Gales. Filho único de Richard e Muriel Hopkins, ele cresceu em uma família simples.

Inspirado por Richard Burton, outro grande astro do cinema de origem galesa, Hopkins decidiu seguir a carreira de ator.

Ele chegou a servir o exército britânico por dois anos. Mais tarde, ingressou na Royal Academy of Dramatic Art, de Londres. Sua formação rigorosa no teatro o levou, ainda jovem, a integrar a companhia de Laurence Olivier, no National Theatre, experiência que moldou seu estilo e lhe abriu portas para grandes papéis.

Hopkins brilhou inicialmente no palco, mas logo migrou para o cinema e a televisão. Nos anos 1960 e 1970, participou de produções britânicas e começou a ganhar notoriedade em adaptações literárias e dramas históricos. Seu talento camaleônico logo chamou atenção em Hollywood.

Em 1968, fez estreia marcante no cinema em “O Leão no Inverno”, no qual atuou ao lado de Katharine Hepburn e Peter O’Toole. Na trama, interpretou o rei inglês do século 12, Ricardo Coração de Leão.

Nas décadas seguintes, ele se consolidaria como um ator de enorme versatilidade, transitando do drama ao suspense, sempre com intensidade e precisão.

A consagração definitiva veio em 1991, com “O Silêncio dos Inocentes”, de Jonathan Demme. Sua atuação como o enigmático e perturbador Hannibal Lecter entrou para a história do cinema, rendendo a Hopkins o Oscar de Melhor Ator.

Curiosamente, ele aparece em cena por pouco mais de 16 minutos, mas foi o suficiente para criar uma das performances mais memoráveis da sétima arte.

O papel rendeu duas continuações — "Hannibal" (2001) e "Dragão Vermelho" (2002) —, consolidando Hopkins como um ícone cultural.

Ao longo de sua trajetória, Hopkins encarnou personagens de variados gêneros. Ele viveu, por exemplo, figuras históricas como o ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon - “Nixon”, em 1995 - e o artista plástico Pablo Picasso - “Os Amores de Picasso”, em 1996.

Ele também brilhou em dramas sensíveis como “O Encontro Marcado”, em 1998, “A Máscara do Zorro”, em 1998”, e “Meu Pai”, em 2020.

Por “Meu Pai”, em que interpreta um homem enfrentando a demência, Hopkins recebeu o Oscar de Melhor Ator em 2021, a segunda estatueta de sua carreira. O prêmio o transformou no ator mais velho a conquistar a estatueta nessa categoria. Ele tinha 83 anos à época.

Hopkins também se dedica à música e às artes plásticas. Pianista talentoso, já lançou composições próprias e costuma compartilhar vídeos tocando e dançando em suas redes sociais, mostrando leveza e alegria de viver. Ele estuda o instrumento desde os seis anos de idade.

O artista britânico é casado desde 2003 com a diretora e atriz colombiana Stella Arroyave, 18 anos mais jovem que Hopkins. Anteriormente, ele teve dois outros casamentos. Do primeiro, com a atriz britânica Petronella Barker, nasceu Abigail Hopkins, em 1968. Porém, a relação entre pai e filha foi marcada por distanciamento durante muitos anos.