Os brasileiros Ana Borges e José Joaquim Andrada, ambos com mais de 60 anos, cruzam o mundo em um motorhome de 1988 apelidado de Popopôa, acompanhados da cachorrinha Clicquot. Segundo reportagem do "g1", o casal já acumulou mais de 40 mil quilômetros rodados.

São 22 países atravessados e agora seguem rumo à China pela antiga Rota da Seda. A dupla abandonou a rotina urbana após se inspirar em viajantes que conheceram no Irã e decidiu transformar o próprio estilo de vida em um projeto motivador.

Pelo Instagram "Jovens Há Mais Tempo", eles relatam encontros, desafios e a forte hospitalidade que encontraram em regiões como Iraque e Arábia Saudita, reforçando a ideia de que envelhecer pode significar expansão e descoberta.

Recentemente, depois de viralizarem nas redes sociais por construírem seu próprio motorhome, um casal de brasileiros fundou uma empresa especializada nesses veículos.

Ana e Glauber planejavam viajar o mundo a bordo de um motorhome, mas a pandemia acabou adiando a aventura. Com o sucesso na internet, eles decidiram fundar a "Up! Motorhome", empresa especializada em motorhomes personalizados, com design sofisticado e alto padrão de conforto.

A empresa utiliza furgões como base (Mercedes-Benz Sprinter ou Ford Transit), com preços a partir de R$ 265 mil, oferecendo sistemas completos, isolamento térmico e eletrodomésticos.

A empresa também iniciou a produção de modelos maiores com chassi, acomodando até seis pessoas, com valores a partir de R$ 570 mil.

Os motorhomes, também conhecidos como RVs (Recreational Vehicles) são símbolos de liberdade, mobilidade e uma filosofia de vida que valoriza o contato direto com a natureza.

A palavra "motorhome" é uma abreviação de "motorized home" (casa motorizada, em inglês), e descreve veículos projetados para oferecer estrutura habitacional completa: cama, cozinha, banheiro etc.

A cultura do motorhome se originou nos Estados Unidos no início do século 20, ganhando popularidade entre 1960 e 70. Existem diferentes modelos, desde os compactos tipo campervan até os luxuosos modelos integrados, que parecem verdadeiros apartamentos sobre rodas.

A cultura do motorhome também é forte em países como Canadá, Austrália, Nova Zelândia e em alguns lugares da Europa.

Diferente do turismo tradicional, onde hotéis e itinerários fixos predominam, os viajantes de motorhome podem acordar com uma vista para as montanhas, passar a tarde à beira de um lago e dormir sob as estrelas num deserto.

Além da independência, há um forte senso de comunidade. Parques de motorhomes (RV parks) e acampamentos se tornam pontos de encontro onde as pessoas compartilham histórias, dicas de viagem e até mesmo refeições.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o conceito de "RV living" (vida em veículos recreativos) é tão difundido que muitas famílias vendem suas casas e passam a viver permanentemente na estrada.

Apesar das vantagens, a vida em um motorhome exige adaptação. Espaço limitado, manutenção do veículo e logística (como abastecimento de água e energia) são desafios constantes.

Muitos adotam o minimalismo, levando apenas o essencial, e investem em tecnologias sustentáveis, como painéis solares e sistemas de reciclagem de água.

Além disso, regulamentações variam conforme o país - enquanto nos Estados Unidos e Europa há infraestrutura consolidada (como acampamentos com eletricidade e esgoto), em outros lugares, como o Brasil, a cultura ainda está em crescimento, exigindo planejamento.

A cultura motorhome já inspirou filmes como "Nomadland" (2020), que retrata a vida de pessoas que vivem em RVs, e séries como "Breaking Bad" (2008-2013), na qual um desses veículos é cenário central.