A ariranha (Pteronura brasiliensis) estava ausente há mais de quarenta anos nos alagados do Parque Nacional Iberá, na Argentina. Com isso, o tradicional local realiza um processo de reintrodução, um marco para a conservação da espécie que estava extinta no país desde 1986.

Essa reintrodução teve início em 2017 pela organização Rewilding Argentina, na busca por uma conquista relevante não apenas para a zoologia, mas também para a preservação da biodiversidade global.

Esse animal é predador com função central nos ecossistemas aquáticos e dieta baseada principalmente em peixes. Ele também pode comer crustáceos, moluscos, répteis (como cobras e tartarugas), pequenos mamíferos (roedores), e aves aquáticas.

Com peso que pode chegar a 33 quilos e comprimento de até 1,80 metros, passa por uma reintrodução minuciosa com a chegada de Nima. Uma fêmea vinda do Zoológico de Madri, ao lado Coco, um macho trazido da Dinamarca.

O casal e suas duas crias nascidas navegam pelos rios do Iberá, trazendo a esperança de restabelecer o equilíbrio natural perdido na região.

Os alagados argentinos ocupam cerca de 21% do território do país. Funcionam, portanto, como “esponjas naturais”, que podem absorver e liberar água para ajudar a controlar enchentes e períodos de seca.

Esses ambientes também têm um papel vital na purificação da água. Além disso, o retorno da ariranha ao local promete restaurar o equilíbrio ecológico local, mas também aquecer o setor turístico.

Afinal, o governador Gustavo Valdés salientou que avistar esses animais pode atrair visitantes de diversas partes do mundo e impulsionar a economia local por meio do turismo ecológico.

O interesse em observar espécies endêmicas pode gerar novos empregos e oportunidades para as comunidades locais, especialmente na província de Corrientes.

Sebastián Di Martino, da Rewilding Argentina, reforçou que a presença da ariranha é fundamental para a saúde dos alagados, já que serve como um indicador do grau de conservação dessas áreas.

Contudo, apresenta desafios como o monitoramento constante dos animais soltos e a necessidade de manter o ambiente em condições para sua sobrevivência.

A ariranha é a maior lontra do mundo, um mustelídeo semiaquático e social, com corpo longo, cauda forte e achatada, pelagem densa e membranas entre os dedos para nadar.

Vivem em grupos familiares, possuem na região do pescoço manchas brancas com desenhos únicos, servindo como uma "impressão digital".

Vive em rios e lagos de água doce, mas também se desloca em terra. Dessa forma, é um animal diurno e vive em grupos familiares liderados por um casal reprodutor.

Aparece, com frequência, em algumas bacias hidrográficas importantes da América do Sul, como na Amazônia e no Pantanal, ambas em solo brasileiro.

A gestação dura cerca de 55 a 70 dias, com o nascimento de 1 a 5 filhotes que são dependentes da mãe nos primeiros meses.

Sendo assim, os filhotes permanecem no grupo familiar e aprendem a caçar com os pais, que os ajudam na criação.

Seu nome científico, Pteronura brasiliensis, significa "asa com cauda", devido ao formato achatado de sua cauda, e também indica sua origem brasileira.

A espécie está classificada como "em perigo" pela IUCN devido à caça ilegal, à destruição do habitat e à contaminação da água, o que levou à sua extinção em algumas regiões.

É a espécie de lontra mais barulhenta e foram documentadas vocalizações distintas que indicam alarme, agressão e segurança.

Não tem predadores naturais sérios além do homem, embora precise competir com outros predadores, como a lontra-neotropical, a onça-pintada e várias espécies de crocodilo, por recursos alimentares.

"Ariranha" provém do termo tupi ari'raña que significa "irara dentada" (eîrara + anha). No espanhol "lobo do rio" (lobo de río) e cachorro d'água (perro de agua) são usados ocasionalmente, e podem ter sido mais comuns nos relatos de exploradores espanhóis do século XIX e início do XX.

As ariranhas constroem tocas, que são buracos cavados nas margens dos rios, geralmente com várias entradas e várias câmaras dentro.

Por fim, a espécie é endêmica da América do Sul, ocorrendo na maioria dos países, incluindo Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guianas e Paraguai, embora tenha um histórico de redução populacional.