
Após o fim dos festivais de Veneza, Telluride e Toronto, o filme brasileiro “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, ganhou força nas previsões para o Oscar 2026.
O longa vem sendo apontado pela mídia estrangeira como possível candidato às categorias de Melhor Filme Internacional, Melhor Direção e Melhor Ator, com Wagner Moura.
No entanto, uma das previsões mais surpreendentes foi o nome da atriz Tânia Maria, de 78 anos.
Ela está sendo cotada em listas da Variety e da Hollywood Reporter para uma indicação na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante.
Embora a potiguar tenha ficado abaixo da 16ª colocação em ambas as publicações, ela está à frente de atrizes conhecidas como Laura Dern, por "Jay Kelly", e Mia Goth, por "Frankenstein".
"Não sei nem o que é Oscar, mas fiquei contente demais só de ter meu nome na lista, é uma honra muito grande", confessou ela em entrevista ao jornal O Globo.
Todo esse burburinho serviu para dar holofotes a Tânia, que só ingressou no cinema aos 72 anos, como figurante em “Bacurau”, de 2019.
Ela é artesã e vive em Cobra, povoado do município de Parelhas, no Rio Grande do Norte.
Ela contou que conheceu Kleber Mendonça Filho durante as gravações de "Bacurau", enquanto estava almoçando: "Ele falou: 'vem aqui almoçar com a gente, conta um pouco da sua vida'".
Primeiro, Tânia foi convidada pelo preparador de elenco Leonardo Lacca para atuar no documentário "Seu Cavalcanti".
Outro convite veio de Juliano Dorneles (codiretor de "Bacurau"), que a chamou para trabalhar em "Delegado", série policial estrelada que tem estreia prevista para 2026.
Enquanto gravava sua participação, Tânia conheceu o produtor Tiago Melo e recebeu mais um convite: para atuar no filme "Yellow cake", rodado em Picuí, no sertão da Paraíba.
Em "O Agente Secreto", Tânia interpreta dona Sebastiana, personagem que oferece refúgio a Marcelo Alves – vivido por Wagner Moura – em Recife.
"Quando comecei a escrever este personagem da Sebastiana, não conseguia não pensar em dona Tânia, escrevi pensando nela e nas coisas que ela falaria", afirmou Kleber Mendonça Filho.
Para viver a personagem, Tânia chegou a fazer cerca de 15 visitas ao Recife durante a pré-produção.
"Fiquei tão feliz quando fui convidada e fiz tudo para agradar. A dona Sebastiana foi um prazer a minha vida, e gravar com Wagner Moura não tem nem comparação", contou, empolgada.
Ela revelou que fabricou um conjunto de banheiro e tapete a partir de um tecido de sofá e levou o kit de presente para Moura.
"Ele é um amor, ele me ensinou muito. Ele me ensinou que se a gente errar uma cena, não é para parar. Continua, aí quem vem atrás fecha a porteira", disse Tânia.
Embora continue atuando como artesã, Tânia confessa que descobriu um novo caminho: "Fui para 'Bacurau' sem pensar em ser atriz [...] Agora quero continuar. Quanto mais filmes, melhor".