O artista italiano Salvatore Garau chamou atenção na internet ao vender uma escultura "invisível" por 15 mil euros (cerca de R$ 87 mil).

A obra, intitulada “Eu Sou”, não possui forma física e foi “exposta” em um espaço vazio.

O comprador recebeu apenas um certificado de autenticidade, onde se descreve a peça como uma "escultura imaterial" feita "para ser colocada em um espaço livre."

Após receber críticas, o artista defendeu dizendo que "o vazio também é arte", pois provoca reflexão e desconforto.

O caso reacendeu o debate sobre a arte conceitual e lembrou outros exemplos polêmicos que ganharam destaque na mídia nos últimos anos.

Em 2024, por exemplo, uma banana colada na parede com uma fita adesiva foi vendida por US$ 6,2 milhões (aproximadamente R$ 35 milhões).

Chamada de “Comediante”, a obra do italiano Maurizio Cattelan dividiu opiniões desde que começou a ser exposta em 2019.

O comprador foi o empresário do ramo de criptomoedas Justin Sun. Uma semana depois, ele reuniu jornalistas em um hotel de Hong Kong para cumprir a promessa que tinha feito de saborear a banana.

Diante dos profissionais da imprensa, ele mordeu a fruta e elogiou: “Ela é muito melhor do que outras bananas. É realmente muito boa”.

Sun concorreu no leilão com outras seis pessoas. Ele classificou a curiosa obra de “icônica”. “Comê-la em uma coletiva de imprensa também pode se tornar parte da história da obra de arte”, afirmou.

Antes do leilão, a banana passou por uma turnê mundial, visitando cidades como Londres, Paris, Tóquio e Los Angeles.

David Galperin, chefe de arte contemporânea da Sotheby's, descreveu a peça como profunda e provocativa, destacando que Maurizio Cattelan "desafia as bases do mundo da arte contemporânea ao questionar o que define uma obra".

Em 2019, enquanto estava exposta no Art Basel de Miami, o artista americano David Datuna publicou um vídeo descascando e comendo a banana. "Adoro o trabalho de Maurizio Cattelan e amei essa instalação. Delícia!'", escreveu em tom provocativo.

Em 2023, no Leeum Museum of Art, em Seul, uma nova mordida: dessa vez de um aluno de estética da Coreia do Sul. Assim como em 2019, a "obra" foi trocada rapidamente por uma nova banana.

Em outubro de 2024, um funcionário do LAM Museum, nos Países Baixos, jogou duas latas fora achando que era lixo.

A peça, intitulada "All the good times we spent together" ("Todos os bons momentos que passamos juntos", em tradução livre), foi criada pelo artista francês Alexandre Lavet.

Para o museu, o funcionário cometeu um erro compreensível já que as latas de cerveja estavam colocadas no poço de um elevador de vidro, dando a impressão de terem sido esquecidas.

Em 2015, uma faxineira de um museu no norte da Itália confundiu uma instalação artística com sujeira e acabou "limpando" a peça acidentalmente.

Em agosto de 2024, um jovem deixou um tênis no chão de uma das salas do Museu Solomon Robert Guggenheim, em Nova York, na intenção de enganar os visitantes.

E deu certo. Várias pessoas não só pararam para admirar a "obra" como ficaram tirando fotos do All Star desgastado do rapaz.

Em 2021, o artista dinamarquês Jens Haaning enviou duas telas em branco para serem expostas no Museu Kunsten de Arte Moderna.

Ele havia recebido cerca de 534 mil coroas dinamarquesas (R$ 450 mil, na época) do museu para recriar antigas obras de arte usando cédulas de dinheiro, mas Haaning resolveu improvisar.

O objetivo do museu era denunciar a precariedade salarial na Dinamarca e na Áustria.

O artista não só embolsou o dinheiro para si como alegou que "a obra de arte é que ele pegou o dinheiro deles".

"Estimulo outras pessoas que têm péssimas condições de trabalho como eu a fazer o mesmo", respondeu Haaning, na ocasião.

“Não creio que tenha cometido roubo... Fiz uma obra de arte, que talvez seja 10 ou 100 vezes melhor do que havíamos planejado. Qual é o problema?", declarou.

O museu optou por processar o artista no tribunal e, após quase dois anos de um longo processo judicial, o idealizador da obra teve que devolver toda a quantia que recebeu.