O ator Otávio Augusto respondeu às declarações de Grazi Massafera, que recentemente mencionou o veterano entre os colegas que a teriam tratado de forma hostil ao longo da carreira.

Em entrevista à revista Veja, ele afirmou não lembrar de ter se recusado a gravar com a atriz durante as filmagens da novela “Tempos Modernos”, de 2010, na TV Globo.

“Não quero dizer com isso que ela tenha inventado, mas, para mim, não tem sentido. E, se aconteceu, não foi nada importante nem ofensivo. Tanto que não me lembro”, declarou Otávio Augusto.

O ator atribuiu o episódio a uma possível “falsa sensação” da colega. “Também acho que, se tivesse sido algo sério, alguém teria notado. Ali havia diretores, produtores… Ninguém permitiria esse tipo de comportamento.”

Grazi Massafera relatou ao jornal O Globo que, à época, o ator teria se recusado a contracenar com ela.

“Fez a cena olhando para a parede e foi embora. E eu fiz sem ele. Isso aconteceu outras vezes”. Segundo a atriz, a equipe precisou resolver a situação na edição das cenas.

Os dois voltaram a se encontrar em 2016, nos bastidores de “A Lei do Amor”, quando, de acordo com Grazi, houve uma reconciliação. “Ele pegou minha mão e disse: 'É uma honra trabalhar com você. Desculpa o que aconteceu'”, revelou.

Nascido no dia 30 de janeiro de 1945, na cidade de São Manuel, no interior de São Paulo, Otávio Augusto deixou sua terra natal aos 14 anos para viver na capital paulista, onde daria início a uma carreira artística que já dura mais de seis décadas.

O primeiro passo foi no rádio. Ainda adolescente, ele integrou o elenco da Rádio São Paulo, atuando na radionovela “O Herói do Sertão”, no papel de Jerônimo. Em seguida, trabalhou na Rádio Record, dividindo o microfone com o famoso sambista paulistano Adoniran Barbosa no programa “História das Malocas”.

Em 1966, Otávio Augusto estreou nos palcos com a peça “Os Inimigos”, de Máximo Gorki, sob direção de José Celso Martinez Corrêa. O encontro com o dramaturgo o levou ao Teatro Oficina, um dos grupos mais importantes da cena teatral paulistana, onde participou de diversas montagens, incluindo “A Vida de Galileu”, de Bertolt Brecht.

Após anos dedicados ao grupo, Otávio se desligou para seguir novos caminhos, atuando em produções como “Hamlet”, de William Shakespeare, com direção de Flávio Rangel.

A estreia na televisão ocorreu em 1965, na novela “Turbilhão”, exibida pela TV Record. Na década de 1970, passou a colaborar com nomes consagrados da dramaturgia nacional, como Antônio Abujamra, Bráulio Pedroso e Antônio Pedro.

No cinema, brilhou em 1978 ao lado de Marieta Severo na adaptação da “Ópera do Malandro”, texto de Chico Buarque. Durante o mesmo período, envolveu-se na vida sindical e chegou à presidência do Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro por dois mandatos — de 1975 a 1978 e novamente entre 1985 e 1989.

Os anos 1980 consolidaram sua popularidade na televisão, com papéis de destaque como Jorge Moreno em “Selva de Pedra” e General Célio em “Roque Santeiro”.

Em 1985, conquistou o Kikito de Ouro, principal prêmio do Festival de Gramado, como melhor ator coadjuvante pelo filme “Noite”, de Gilberto Loureiro.

Na década seguinte, interpretou personagens marcantes, como Matoso em "Vamp", Lourival em “Mico Preto” e Afonso Henrique em “Fera Ferida”. Em 1997, recebeu o Prêmio Shell de Melhor Ator pela peça “A Dama do Cerrado”.

Nos anos 2000, integrou o elenco de produções expressivas da TV Globo, entre elas “Os Maias”, “Paraíso Tropical”, “Três Irmãs”, “Sai de Baixo” e “JK”. Em 2006, voltou a ser premiado com o Kikito de Ouro, novamente como melhor ator coadjuvante, pelo longa “Anjos do Sol”, de Rudi Lagemann.

Entre 2011 e 2014, fez participações especiais na série “A Grande Família” e, em 2020, esteve no elenco da novela “Salve-se Quem Puder”.

No cinema, sua trajetória é vasta, participando de dezenas de filmes ao longo das décadas seguintes, entre eles “Vai Trabalhar, Vagabundo!”, “Mar de Rosas", “Amor Estranho Amor” e “Central do Brasil”.

Outros filmes de destaque de sua trajetória são “Boleiros”, “Doces Poderes”, “Bufo e Spallanzani” e “Boleiros 2 – Vencedores e Vencidos”. Por seus papéis, acumulou prêmios em festivais nacionais e internacionais, incluindo o Festival de Brasília e o Festival do Rio.

Em 2018, o ator foi diagnosticado com hidrocefalia - acúmulo de líquido dentro da caviadde craniana - após passar mal durante os testes para integrar o elenco da novela “Segundo Sol”, sendo substituído por José de Abreu.

O trabalho mais recente de Otávio Augusto na televisão foi na série “Cosme e Damião: Quase Santos”. No cinema, ele estrelou o curta-metragem “Notícias da Lua”, que recebeu prêmio na Mostra Sesc de Cinema em 2025.

Na vida pessoal, Otávio foi casado com a atriz Beth Pinho Souza entre 1971 e 1985, união da qual nasceram duas filhas, Manuela e Mariana. Em 1986, casou-se com a também atriz Cristina Mullins, com quem vive até hoje.