Durante o século 11, a Igreja Católica teve um líder que ainda nem havia entrado na vida adulta. Trata-se de Bento IX, o papa mais jovem da história.
Bento IX assumiu o papado antes dos 20 anos - há diversas versões historiográficas, mas sabe-se que tinha entre 12 e 20 anos ao sentar-se pela primeira vez no trono de Pedro.
Nascido em Roma no ano 1012, ele foi o único a ser eleito pontífice três vezes e o primeiro a renunciar ao cargo.
Batizado com o nome de Teofilatto III dei Conti di Tuscolo, ele era membro da família aristocrática dos Tusculum, bastante influentes em Roma e na Igreja Católica no período.
No século XI, a liderança da Igreja Católica ainda não tinha a condição religiosa que possui hoje em dia, sendo mais uma expressão de poder e influência.
Por isso, o papado era disputado por famílias com vistas a aumentar seu domínio econômico e político.
O papado do jovem Bento IX é descrito por historiadores do catolicismo como um período controverso, repleto de corrupção e imoralidades.
Bento IX conduziu sua liderança papal com um objetivo primordial, segundo os historiadores da época: enriquecer sua família e a si mesmo. .
Sua família era de aristocracia e tinha grande influência na cidade e dentro da Igreja. Seu objetivo, ao se tornar pontífice, era meramente econômico.
Sua primeira eleição teve influência direta do papa antecessor, João XIX, que era seu tio. Há fontes historiográficas que falam até mesmo de pagamento para que ele fosse eleito.
Ele foi acusado de cometer abusos de poder e vender o cargo para Giovanni Graziano, que era seu padrinho e assumiu o trono de Pedro em 1045 como Gregório VI.
De acordo com seus opositores, Bento IX levava a vida acompanhado de muitas mulheres e bebia de forma incontida. Ele chegou a ser expulso de Roma, a ponto de precisar se refugiar no Mosteiro de Grottaferrata. Em 1044, foi deposto.
No ano seguinte, uma articulação política o reconduziu ao cargo, com a expulsão do então papa Silvestre III. Porém, Bento IX renunciou menos de um mês depois porque pretendia se casar. Essa foi a primeira vez que um papa abdicou do trono de São Pedro.
Depois, Bento IX retornou a Roma e retomou de maneira informal o cargo, com o seu padrinho Gregório VI à frente do pontificado como uma espécie de fantoche. Nesse momento, o deposto Silvestre III reclamava o posto.
No ano de 1046, o imperador Henrique III, do Sacro Império Romano-Germânico convocou o Concílio de Sutri para resolver o impasse. Ele acabou tornando ilegítimos os três papas - Bento IX, Silvestre III e Gregório VI.
A medida aconteceu após seguidos episódios de má conduta dos líderes religiosos e resultou na escolha de um novo pontífice, Clemente II.
Na época de Bento IX ainda não existia o conclave para eleição do papa, como conhecemos atualmente - recentemente, por exemplo, essa reunião de cardeais escolheu Leão XIV como sucessor de Francisco.
A escolha papal era restrita a uma elite e a corrupção era comum. O conclave só surgiria no século XIII, como consequência, inclusive, do papado problemático de Bento IX.
Bento IX não descansou e seguiu articulando o retorno ao cargo até consegui-lo após a morte de Clemente II. Porém, o rei o depôs em 1048. Ele acabaria excomungado pela igreja após a eleição do papa seguinte, Dâmaso II.
De acordo com os registros históricos, a data provável de morte de Bento IX é o ano de 1055. Ele foi enterrado na abadia de Grottaferrata, na Itália.