
O projeto global chamado "Censo dos Oceanos" anunciou a descoberta de 30 novas espécies marinhas.
A iniciativa nasceu em 2023 com o intuito de identificar 100 mil espécies desconhecidas nos 10 anos subsequentes.
A descoberta da vez foi feita durante uma expedição de 35 dias às ilhas Sandwich do Sul, uma das regiões mais remotas do planeta.
Pesquisadores de diversas instituições utilizaram o navio R/V Falko do Schmidt Ocean Institute e robôs subaquáticos (ROVs) para gravar vídeos em alta resolução e coletar 2 mil espécimes de 14 grupos animais diferentes.
Entre os organismos descobertos estão vermes escamosos iridescentes, estrelas-do-mar de várias famílias, crustáceos e corais negros.
Uma esponja carnívora, apelidada de “bola da morte”, foi encontrada a 3.600 metros de profundidade.
A nova esponja tem formato esférico e utiliza minúsculos ganchos para capturar presas, diferentemente das que se alimentam por filtração.
Também foram encontrados "vermes zumbis", que não têm boca nem intestino e vivem das gorduras dos ossos de grandes vertebrados.
Segundo Michelle Taylor, chefe de Ciência do Censo dos Oceanos, a descoberta de 30 espécies, com menos de 30% das amostras avaliadas, ressalta a imensa biodiversidade ainda não registrada no Oceano Antártico.
Com mais de 800 novas espécies anunciadas desde abril de 2023, o projeto foi criado pela Nippon Foundation, maior fundação sem fins lucrativos do Japão, e o Nekton, um instituto de conservação e ciência marinha sediado no Reino Unido.
“Ferramentas avançadas nos permitem explorar e coletar dados de lugares nunca antes vistos por humanos”, declarou Jyotika Virmani, diretora executiva do Schmidt Ocean Institute.
O conhecimento humano sobre a vida nas profundezas oceânicas ainda é muito pequeno.
Estimativas apontam que o oceano abriga cerca de 2,2 milhões de espécies, mas, conforme dados do censo, os cientistas descreveram até hoje apenas 240 mil delas.
O novo projeto dá continuidade a iniciativas anteriores — entre elas, o Censo da Vida Marinha, concluído em 2010, que apontou a possibilidade de seis mil novas espécies.
Agora, a pesquisa conta com recursos tecnológicos mais avançados, como imagens subaquáticas em alta resolução, técnicas de aprendizado de máquina e análise de DNA presente na água do mar.
Ferramentas como escaneamento a laser subaquático permitem observar organismos frágeis diretamente em seu ambiente, evitando a necessidade de removê-los da água.
Segundo o biólogo marinho Alex Rogers, que é o diretor científico da iniciativa e professor de biologia da conservação na Universidade de Oxford, "as inovações ajudarão a acelerar a velocidade e a escala da descoberta de novas formas de vida."
Além de identificar novas espécies, o programa também pretende compreender como os ecossistemas marinhos estão reagindo às mudanças climáticas.
Todos os dados obtidos serão disponibilizados gratuitamente para a comunidade científica, autoridades e o público geral.