No dia 13 de outubro de 2025, o caso de um homem que descobriu ter sido traído pela noiva com um padre da cidade de Nova Maringá, a cerca de 390 quilômetros de Cuiabá, capital do Mato Grosso, ganhou grande repercussão e viralizou nas redes sociais.

No mesmo dia, a defesa jurídica do homem divulgou uma nota oficial em que manifestou indignação com os envolvidos, criticando a quebra de confiança no relacionamento e os impactos do caso sobre a comunidade cristã local.

“As consequências dessa postura ultrapassaram o âmbito pessoal, atingindo famílias, amizades e a fé de muitas pessoas que assistiram, consternadas, atitudes conscientes e absolutamente injustificáveis”, diz trecho do comunicado.

O texto também informou que a família acionou a Polícia Civil e se colocou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, além de desmentir rumores de que o homem teria participado da filmagem que viralizou.

“O ex-noivo não esteve presente no local em nenhum momento. Na data dos acontecimentos, ele se encontrava em viagem profissional ao estado do Rio Grande do Sul desde a manhã de domingo, totalmente alheio à situação que veio a público”, explica o comunicado.

O episódio ocorreu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Nova Maringá, e envolveu o padre Luciano Braga Simplício.

Em 13 de outubro, o vídeo do flagrante começou a circular nas redes sociais e rapidamente viralizou. A filmagem mostra o padre vestindo apenas um short e sendo surpreendido dentro da casa paroquial, enquanto a mulher é encontrada escondida embaixo da pia do banheiro.

No mesmo dia, a jovem envolvida procurou a polícia para registrar um boletim de ocorrência sobre a divulgação indevida das imagens, gravadas por pessoas que invadiram a casa paroquial.

De acordo com a Polícia Civil, o episódio foi registrado como um “caso atípico”, devido às circunstâncias incomuns da denúncia e da gravação.

No dia seguinte, a Diocese de Diamantino anunciou a abertura de uma investigação interna para apurar a conduta do padre Luciano Braga Simplício. “Tendo em vista o bem da Igreja e do povo de Deus, todas as medidas canônicas previstas já estão sendo devidamente tomadas”, dizia o texto.

O Tribunal Eclesiástico informou que acompanha o caso, mas que o processo corre em sigilo. O padre, por sua vez, negou ter mantido qualquer envolvimento amoroso com a jovem, alegando que ela apenas pediu permissão para tomar banho e trocar de roupa no local.

Dias depois, o sacerdote foi oficialmente afastado da paróquia, e as celebrações religiosas passaram a ser conduzidas pelo padre Pedro Hagassis, de 76 anos, designado temporariamente para substituir o titular até o encerramento das investigações.

De acordo com o Código de Direito Canônico de 1983, promulgado pelo Papa João Paulo II, os sacerdotes do rito latino da Igreja Católica devem observar o voto de celibato, o que os impede de manter relações afetivas ou amorosas. A quebra desse compromisso é vista como uma falta grave, capaz de comprometer tanto a credibilidade do padre quanto a imagem da própria Igreja diante dos fiéis.

Em situações que se tornam públicas, como a registrada em vídeo, o documento prevê sanções que variam desde uma advertência formal até a suspensão das atividades sacerdotais. A responsabilidade de conduzir as investigações e aplicar eventuais punições recai sobre o bispo diocesano.

Em 16 de outubro, a Polícia Civil executou quatro mandados de busca e apreensão em residências de pessoas suspeitas de terem participado da gravação e da divulgação do vídeo.

Entre os alvos estavam o ex-sogro da jovem e outros integrantes do grupo que invadiu o imóvel. Durante a operação, três celulares foram apreendidos e encaminhados para análise pericial.

No dia seguinte, as investigações avançaram, com o início da perícia nos aparelhos apreendidos. Em entrevista ao portal G1, o delegado Franklin Alves afirmou que a polícia busca identificar e responsabilizar individualmente todos os envolvidos na invasão, na gravação e no vazamento das imagens feitas dentro da casa paroquial.

O inquérito apura a ocorrência de diversos crimes, entre eles constrangimento ilegal qualificado, invasão de domicílio, exposição de intimidade, dano qualificado e dano psicológico contra a vítima.

Identificado nas redes sociais pelo perfil aberto “Alô Meu Deus!”, o padre Luciano Braga Simplício compartilhava diariamente mensagens de fé e reflexões religiosas com seus seguidores.

Além dessa conta aberta, ele mantinha dois perfis pessoais privados. Após a enorme repercussão do caso, a página pública foi desativada.

Segundo informações da Diocese de Diamantino, o sacerdote ingressou no clero em 12 de agosto de 2012 e foi ordenado padre no dia 24 de novembro do mesmo ano.

Sua trajetória pastoral inclui passagens por diferentes paróquias: ele celebrou sua primeira missa em São José do Rio Claro, a 325 quilômetros de Cuiabá, em 15 de janeiro de 2023, e foi transferido para Nova Maringá em 25 de abril de 2024, por razões não divulgadas oficialmente.