
Após o sucesso internacional de “Caramelo”, filme brasileiro que alcançou o topo do ranking da Netflix, o diretor Diego Freitas e a produtora Iafa Britz irão trabalhar juntos no longa-metragem “Cássia”, cinebiografia da cantora Cássia Eller, que morreu no fim de 2001.
A produção promete retratar momentos marcantes da vida e da carreira de Cássia Eller, enfocando não apenas a energia inconfundível da cantora nos palcos, mas também seus dilemas pessoais, a busca pela autenticidade e o amor pela família.
Com roteiro assinado por Bia Crespo e Fernando Bonassi, o filme está em fase de desenvolvimento e deve iniciar as filmagens em 2026. Os nomes do elenco e a data de estreia ainda não foram divulgados.
Cássia Rejane Eller nasceu no Rio de Janeiro em 10 de dezembro de 1962 e, ao longo de 39 anos de vida, construiu uma trajetória marcante na música brasileira.
Dona de uma voz grave, rouca e inconfundível, Cássia desafiou padrões, transitou entre o rock, o samba e a MPB com naturalidade, e deixou uma marca profunda pela intensidade com que vivia e se expressava nos palcos.
Filha de Nélson Eller, oficial do Exército, e Nanci Eller, dona de casa, ela mostrou interesse por música desde pequena. A artista ganhou seu primeiro violão aos 14 anos, quando vivia em Brasília, e aprendeu sozinha a tocar.
Seu primeiro disco, “Cássia Eller”, de 1990, apresentou ao público uma artista visceral, com repertório que mesclava rock e MPB, com releituras de artistas como Itamar Assumpção, Cazuza, Frejat e Renato Russo, e chamou atenção pelo vigor interpretativo de Cássia.
Dois anos depois, ela lançou “O Marginal”, que consolidou sua imagem de roqueira autêntica e ampliou sua base de fãs.
Em 1994, veio “Cássia Eller ao Vivo”, registro de uma fase mais madura nos palcos. Dois anos depois, lançou “Cássia Eller” (1996), com produção de Guto Graça Mello, que trouxe uma sonoridade mais pop e sofisticada.
Em 1997, com “Veneno Antimonotonia”, Cássia prestou uma homenagem intensa a Cazuza, regravando canções do amigo e ídolo em versões pessoais e emotivas. O álbum se tornou um marco de sua carreira e rendeu grande reconhecimento.
No fim da década de 1990, ela ampliou o diálogo com a MPB. Em “Com Você... Meu Mundo Ficaria Completo” (1999), produzido por Nando Reis, surgiram interpretações memoráveis, entre elas “O Segundo Sol”, “All Star” e “Palavras ao Vento”, que se tornaram clássicos de sua voz.
A parceria com Nando, que se tornaria um de seus principais compositores e amigos, consolidou-se como uma das mais frutíferas da música brasileira contemporânea.
Em 2001, no auge da carreira, Cássia lançou o “Acústico MTV”, um dos discos mais importantes de sua trajetória. O álbum reuniu releituras de sucessos anteriores e faixas como “Malandragem”, “E.C.T.” e “Luz dos Olhos”, com arranjos que destacavam sua força interpretativa.
O trabalho vendeu mais de um milhão de cópias e ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, consagrando Cássia como uma das maiores vozes do país.
Apesar da imagem pública forte e rebelde, fora dos palcos Cássia era descrita por amigos e familiares como uma pessoa doce, tímida e reservada.
Ela viveu por mais de uma década com Maria Eugênia Vieira Martins, com quem criou o filho Francisco “Chicão” Eller, nascido em 1993, fruto de uma relação anterior. Atualmente, ele segue carreira musical com o nome artístico Chico Chico
A morte de Cássia Eller, em 29 de dezembro de 2001, no Rio de Janeiro, causou enorme comoção nacional. A cantora sofreu um infarto do miocárdio, aos 39 anos, poucos dias após participar do especial de fim de ano da Rede Globo e no auge de seu reconhecimento artístico.
Mesmo após sua partida, a força de sua obra continuou crescendo. Em 2002, foi lançado o álbum póstumo “Dez de Dezembro”, com gravações inéditas. Desde então, Cássia tem sido lembrada em shows tributo, documentários e projetos musicais, como o espetáculo “Cássia Eller – O Musical” (2014), que percorreu o país com enorme sucesso.