Várias cidades pequenas da Europa têm implementado um programa inusitado para reduzir o desperdício de alimentos e diminuir as emissões de gases de efeito estufa.
A iniciativa consiste em distribuir galinhas aos moradores para que eles possam alimentá-las com restos de comida e, em troca, obter ovos frescos.
O projeto teve início em Colmar, na França, em 2015, com o seguinte lema: “Uma família, uma galinha”.
A ideia rapidamente ganhou adesão: mais de 200 famílias participaram inicialmente, recebendo duas galinhas cada. Hoje, o programa já se expandiu para 20 municípios, com mais de 5 mil aves distribuídas.
Além de fornecer ovos gratuitos às famílias, as galinhas ajudam a reduzir significativamente o lixo orgânico, consumindo cerca de 150 gramas de resíduos por dia.
Desde seu lançamento, o programa já evitou que aproximadamente 273 toneladas de resíduos fossem parar em aterros sanitários.
Isso serviu para reduzir a emissão de metano, um gás altamente poluente liberado durante a decomposição de alimentos.
A iniciativa também tem um caráter educativo, ensinando crianças e adultos sobre sustentabilidade, consumo consciente e cuidado com os animais.
Inspirado pelo sucesso na França, o modelo foi adotado em outras partes da Europa, como na Bélgica.
Cidades como Mouscron e Antuérpia (foto) implementaram regras adicionais, como a proibição de abate nos primeiros dois anos.
Entretanto, especialistas apontam desafios e limitações: o risco de gripe aviária, a necessidade de estrutura e tempo para cuidar das aves, e o fato de que galinhas caseiras produzem menos ovos que as aves industriais.
Nos Estados Unidos, por exemplo, onde surtos de gripe aviária são uma preocupação, a criação doméstica de galinhas não tem sido recomendada.
Especialistas alertam que, embora útil, a solução não substitui a redução do desperdício de alimentos na origem.
Apesar disso, casos como o da empresa Rent The Chicken, em New Hampshire (EUA), que aluga galinhas, mostram adaptações criativas.
As galinhas são aves domesticadas pertencentes à espécie Gallus gallus domesticus, descendentes do galo-vermelho (uma ave selvagem do sudeste asiático).
Criadas há milênios por seres humanos principalmente para a produção de ovos e carne, elas são um dos animais mais presentes em criações rurais e urbanas no mundo inteiro.
Além de utilidade econômica, algumas raças são apreciadas por sua beleza, como a Sedosa, famosa no Japão.