Uma equipe de pesquisadores descobriu formações circulares submersas de cerca de 20 metros de diâmetro no Mar Mediterrâneo, chamadas de "Anéis do Mediterrâneo".

Essas estruturas, com cerca de 20 metros de diâmetro, são compostas por algas calcárias milenares (rodolitos) e datam de aproximadamente 21.000 anos, remontando à última era glacial.

A descoberta pode oferecer pistas valiosas sobre as mudanças climáticas ao longo dos milênios.

Os anéis foram detectados pela primeira vez em 2011, durante um mapeamento da costa da Córsega, mas sua origem só foi esclarecida em 2021, após expedições de mergulho em águas profundas.

As expedições, lideradas por Christine Pergent-Martini e Laurent Ballesta, revelaram um ecossistema único e preservado, com espécies raras como corais amêloas, caranguejos-diabo e gorgônias rosadas.

Apesar da preservação garantida por sua localização remota e profundidade, os anéis estão agora sob ameaça devido às navegações comerciais.

Os pesquisadores chegaram à conclusão de que esses anéis se formaram há milhares de anos, quando o mar era mais raso.

Naquela época, as algas que os compõem encontraram condições perfeitas para crescer, com luz e temperatura ideais.

Com o tempo, o gelo das eras glaciais derreteu, o nível do mar subiu, e o ambiente mudou – dando origem às misteriosas formações circulares que existem hoje.

O problema é que apenas alguns desses anéis estão dentro de uma área protegida. Os outros ficam em regiões onde navios e barcos passam frequentemente.

Há um receio de que suas âncoras possam destruir esse tesouro submarino sem chance de recuperação.

Pensando nisso, o Parque Natural Marinho de Cap Corse e Agriate está estudando maneiras de limitar a passagem de embarcações no local.

A descoberta não só ajudou os cientistas a entenderem melhor as mudanças do clima ao longo do tempo, como também mostrou o quanto é urgente proteger a vida marinha.

A costa da Córsega, localizada no Mar Mediterrâneo, ao sudeste da França, é uma das regiões mais belas e preservadas da Europa.

A ilha da Córsega possui um litoral recortado, com penhascos, enseadas escondidas, praias de águas cristalinas e uma farta biodiversidade marinha.

A parte norte da ilha, onde se encontra a região de Cap Corse, é particularmente conhecida por sua beleza selvagem, com vilarejos históricos encravados nas montanhas e uma costa com falésias íngremes e algumas praias.

O Parque Natural Marinho de Cap Corse e Agriate, que protege parte dessa área, abriga ecossistemas marinhos intocados, incluindo recifes de corais e espécies raras, como a ameaçada foca-monge-do-mediterrâneo.

Além de sua riqueza natural, a costa da Córsega tem uma história marcada por navegações antigas, com vestígios de naufrágios romanos e rotas comerciais históricas.

Hoje, porém, a atividade humana — como o tráfego de navios e o turismo intenso — representa uma ameaça aos ecossistemas da região.