Um estudo publicado na revista Food Research International revelou que ostras vendidas em mercados de algumas cidades brasileiras apresentaram altos níveis de arsênio.
Em algumas amostras de mercados de São Paulo, Santos, Peruíbe, Cananéia e Florianópolis, a presença do metal tóxico foi acima do limite permitido pela Anvisa.
Além disso, bactérias multirresistentes, como cepas de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, associadas a infecções graves, também foram encontradas em algumas amostras de ostras.
A contaminação está associada à poluição costeira por esgoto doméstico, hospitalar, resíduos industriais e agrotóxicos.
Segundo Edison Barbieri, pesquisador do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a presença de Citrobacter telavivensis na cadeia alimentar representa uma grave ameaça sanitária.
"Isso transforma alimentos crus como ostras em vetores silenciosos de resistência antimicrobiana, um fenômeno amplamente reconhecido pela OMS como um dos maiores desafios sanitários do século 21”, comentou.
Os pesquisadores recomendam evitar o consumo de ostras cruas, dar preferência a fornecedores confiáveis e adotar cuidados de higiene na hora do preparo.
O arsênio, mesmo em formas menos tóxicas, pode se transformar em compostos cancerígenos no organismo.
As ostras são moluscos bivalves marinhos pertencentes à família Ostreidae, amplamente apreciados na culinária por seu sabor característico e valor nutricional.
Esses animais marinhos vivem fixados em rochas ou substratos duros em águas costeiras de diversas partes do mundo, especialmente em regiões de águas temperadas e tropicais.
Suas conchas são irregulares e rígidas, compostas principalmente por carbonato de cálcio, que protegem o corpo mole do animal no interior.
Existem diferentes espécies, sendo algumas cultivadas em sistemas de aquicultura, como a Crassostrea gigas e a Crassostrea virginica, muito presentes no comércio global.
Uma das características mais fascinantes das ostras é sua capacidade de filtrar a água. Um único indivíduo pode filtrar mais de 200 litros de água por dia, removendo partículas como algas e sedimentos.
Essa "habilidade" das ostras contribui significativamente para a qualidade dos ecossistemas aquáticos.
No aspecto gastronômico, as ostras são altamente valorizadas, especialmente as do gênero Crassostrea (como a ostra-do-pacífico) e Ostrea (como a ostra-europeia).
As ostras também são famosas por produzirem pérolas, embora nem todas as espécies comerciais sejam usadas para esse fim.
Quando um corpo estranho entra na concha, o animal secreta camadas de nácar (madrepérola) ao redor do invasor, formando, ao longo do tempo, uma pérola.
Historicamente, as ostras já foram alimento comum em várias culturas, mas com a poluição e a sobrepesca, algumas populações naturais sofreram declínio, impulsionando a criação controlada.