Em tempos de crise climática, a cidade de Paris se tornou um exemplo mundial de combate à poluição do ar.
Isso porque a capital francesa vem promovendo uma verdadeira — e ambiciosa — transformação urbana voltada à mobilidade sustentável.
Desde 2015, a cidade conseguiu reduzir pela metade a circulação de automóveis.
Uma das medidas foi limitar a velocidade a 30 km/h em algumas regiões e proibir totalmente o tráfego em mais de 200 ruas.
O plano é que, no futuro, uma em cada dez ruas na cidade seja exclusiva para os pedestres.
A prefeitura parisiense também aumentou o custo do estacionamento de SUVs, desestimulando veículos pesados e mais poluentes.
Para se ter uma ideia, donos de SUVs precisam desembolsar 18 euros (cerca de R$ 100) por hora se estacionarem no centro da cidade.
Essas ações fazem parte de um plano nacional que prevê banir carros movidos a combustíveis fósseis até 2040, incentivando o uso de veículos elétricos e híbridos.
O dióxido de carbono, gás emitido por esses veículos, é um dos principais causadores do efeito estufa.
Paralelamente, Paris vem investindo cada vez mais em transporte público e ciclovias — que já somam mais de 80 km pela cidade.
A meta de Paris é adaptar toda a cidade às bicicletas até 2026.
Hoje, 53% das viagens na capital francesa são feitas a pé, 30% em transporte público, 11% de bicicleta e apenas 4,3% de carro.
A medida que impõe um limite de 30 km/h a carros, por exemplo, tem o objetivo de desestimular os motoristas e tornar mais seguras as ruas para quem quiser caminhar ou usar bicicletas.
Os resultados são expressivos: desde 2005, os níveis de material particulado fino, associado a doenças respiratórias e cardiovasculares, caíram 55%.
O dióxido de nitrogênio, ligado à queima de combustíveis fósseis, diminuiu 50%, segundo dados da Airparif.
Especialistas apontam que o sucesso parisiense comprova que reduzir o uso de carros e melhorar a qualidade do ar é possível, desde que haja políticas consistentes e foco em transporte limpo e acessível.