O corpo do fotógrafo Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, percorreu 20 quilômetros no rio Sena até ser encontrado na altura de Saint-Denis, cidade vizinha a Paris. A morte teria sido por afogamento, já que, segundo a polícia, não há sinais de violência. O corpo estava em estado avançado de decomposição e foi identificado por exame de DNA.

O desaparecimento de Flávio tinha causado comoção na web. Ele foi visto pela última vez em 26 de novembro. A mãe do fotógrafo, Marta Maria de Castro, estava desesperada, em busca de informações sobre o caso. "Eu preciso estar aqui de pé para receber meu filho de volta, porque ele é o meu mundo”, afirmou a auxiliar de enfermagem.

O último contato entre Marta com o filho ocorreu um dia antes do desaparecimento. A Interpol emitiu um alerta internacional para 196 países na tentativa de localizá-lo.

Segundo a investigação, antes de desaparecer de forma definitiva, Flávio tinha caído no rio Sena, na Ilha dos Cisnes, onde aguardou socorro por três horas antes de ser resgatado pelos bombeiros e levado ao hospital com suspeita de hipotermia.

Essa informação foi obtida a partir de uma troca de mensagens entre Flávio e o francês Alexandre Callet (foto), a última pessoa com quem o brasileiro fez contato antes de desaparecer.

"Os bombeiros disseram que tive sorte de estar vivo. Não consegui sair da água. Fiquei muito tempo lá. Eu bebi demais e fiz uma besteira enorme", disse Flávio para o francês.

No entanto, Flávio desapareceu depois de deixar o hospital, na mesma data em que deveria retornar ao Brasil, após passar quase um mês na França.

Em outra mensagem ao francês, ele escreveu que recebeu alta ao meio-dia, mesmo horário do seu voo para o Brasil. "Fui na imobiliária que me alugou o apartamento pra pedir ajuda. Quero ficar pelo menos um dia a mais até conseguir um novo voo", disse.

Segundo a reportagem, Alexandre então disse que Flávio poderia ir para a casa dele, e o brasileiro respondeu: "Não, não se preocupe, eu me viro".

Depois de negociar com a imobiliária e conseguir outro apartamento, o brasileiro escreveu para Alex que iria tentar dormir pois "estava exausto".

Já no dia seguinte, o francês relata que tentou falar com Flávio, mas não teve mais resposta. Ele contou que foi até o apartamento, digitou a senha da fechadura, mas não conseguiu abrir.

"[...] Depois liguei pra imobiliária, e eles disseram: 'Olha, a gente não sabe onde ele tá. Mas um senhor que trabalha num restaurante atendeu o celular do Flávio'", contou Alex.

Após descobrir que o celular de Flávio foi encontrado por um funcionário de um restaurante às margens do Sena, próximo ao local da queda, Alex resolveu procurar a delegacia.

O protocolo para abertura de câmeras na França é bastante restrito, o que dificulta as investigações. A Polícia Federal brasileira acompanhou o caso em Paris.

Flávio é natural de Candeias, município de cerca de 14 mil habitantes do centro-oeste de Minas Gerais.

Depois de um tempo, mudou-se para Belo Horizonte. Ele cursou Artes Plásticas na Escola Guignard, da Universidade do Estado de Minas Gerais.

A Ilha dos Cisnes, onde o brasileiro caiu na água, é uma pequena ilha artificial localizada no Rio Sena, que foi construída em 1827. Tem aproximadamente 850 metros de comprimento e apenas 11 metros de largura.

Conhecida como um local tranquilo e popular entre moradores e turistas para caminhadas e exercícios, a ilha serve como um quebra-mar para proteger o porto de Grenelle.