O Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, recebe a partir do dia 19 de novembro de 2025 a exposição “A alma humana, você e o universo de Jung”.
A mostra inédita convida o público a mergulhar no universo do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, um dos maiores nomes da psicologia do século 20.
A proposta é conduzir os visitantes por uma jornada de autoconhecimento, explorando os principais conceitos da psicologia junguiana por meio da arte, da sensorialidade e da reflexão. Os ingressos começaram a ser vendidos em 15 de outubro.
A exposição se organiza em três eixos complementares: o pedagógico, voltado à apresentação dos fundamentos teóricos da psicologia de Jung; o sensorial, que estimula experiências imersivas e emocionais; e o provocativo, que convida à introspecção e ao enfrentamento de aspectos profundos da própria psique.
Entre os destaques está o espaço “Sintomas”, que propõe uma reflexão sobre o modo como as pessoas lidam com o desconforto emocional. Outras seções exploram temas como sonhos, sincronicidade, alquimia e o Livro Vermelho, obra emblemática de Jung que sintetiza seu mergulho interior em busca de significado.
O MIS fica localizado na Avenida Europa, 158, no Jardim Europa, em São Paulo. Às terças-feiras, a entrada é gratuita, e o ingresso custa R$ 30 - inteira - e R$ 15 - meia-entrada - de quarta a domingo.
A psicanálise surgiu no final do século 19 pelas mãos do médico neurologista austríaco Sigmund Freud, que revolucionou o entendimento da mente humana ao propor que grande parte de nossos comportamentos, desejos e conflitos nasce no inconsciente.
A partir da observação de seus pacientes, Freud desenvolveu uma teoria que associava sintomas físicos e emocionais a conteúdos reprimidos, memórias e impulsos não reconhecidos pela consciência.
Sua ideia central era a de que o ser humano é movido por forças inconscientes especialmente ligadas ao desejo - que influenciam nossas escolhas e relações.
Esse novo olhar inaugurou uma verdadeira mudança de paradigma na psicologia, na filosofia e até nas artes. Pela primeira vez, a mente foi vista como um território complexo e dinâmico, habitado por tensões internas e símbolos pessoais.
Freud também criou métodos inovadores de investigação, como a associação livre e a interpretação dos sonhos, e introduziu conceitos que se tornariam clássicos, como id, ego e superego.
Foi nesse contexto que Carl Gustav Jung se aproximou de Freud, no início do século 20.
Psiquiatra suíço e profundo estudioso de mitologia, religião e simbolismo, Jung foi considerado o sucessor natural de Freud e um dos primeiros a difundir a psicanálise fora da Áustria.
No entanto, a relação entre os dois começou a se distanciar quando Jung passou a discordar da ênfase freudiana em conteúdos reprimidos de ordem pessoal como principal força da psique.
Para ele, o inconsciente não se limitava a isso, mas continha também imagens e experiências universais compartilhadas por toda a humanidade - o que ele chamou de inconsciente coletivo.
Essa divergência marcou a ruptura entre os dois pensadores e deu origem à psicologia analítica, desenvolvida por Jung.
Diferentemente da psicanálise clássica, sua abordagem incorporou elementos simbólicos, espirituais e culturais para compreender a mente humana.
Jung via os sonhos, os mitos e as expressões artísticas como janelas para o inconsciente, acreditando que cada indivíduo percorre um caminho de autoconhecimento e integração interior - processo que chamou de individuação.
Assim, enquanto a psicanálise freudiana ajudou a revelar os mecanismos inconscientes do desejo e da repressão, a psicologia junguiana ampliou essa visão, propondo uma leitura simbólica e integradora da alma humana.
Além de Freud e Jung, a psicanálise foi profundamente enriquecida por outros pensadores que expandiram e transformaram suas bases teóricas. Entre eles estão Melanie Klein (foto), Jacques Lacan, Anna Freud e Donald Winicott, cada um com ricas contribuições para a área.