Arqueólogos que atuam na Noruega descobriram um vasto e bem preservado sistema de armadilhas para renas com cerca de 1.500 anos, revelado pelo derretimento do gelo.

O elaborado sistema foi encontrado no planalto de Aurlandsfjellet, no condado de Vestland.

Esta é considerada uma das descobertas mais importantes do país em 2025, fruto de uma colaboração entre o Conselho do Condado de Vestland e o Museu Universitário de Bergen.

A estrutura é composta por centenas de toras de madeira esculpidas que formavam cercas convergentes, guiando os animais para um grande recinto onde eram capturados e abatidos.

Próximo à armadilha, foi encontrado um depósito com centenas de chifres de rena com marcas de corte, confirmando a caça em larga escala.

A estrutura teria sido soterrada por neve e gelo durante uma fase climática mais fria no século 6, o que garantiu sua preservação ao longo de mais de mil anos.

Entre os artefatos recuperados, há lanças em ferro, fragmentos de arcos e flechas, e ferramentas de madeira esculpidas.

Os materiais coletados foram encaminhados para o Museu Universitário de Bergen, onde peças de madeira passam por secagem lenta e os metais recebem tratamento anticorrosão.

Segundo o Archaeology News, a área foi protegida oficialmente pela Lei do Patrimônio Cultural da Noruega para impedir danos e saques.

As renas — também conhecidas como caribus — ocupam vastas regiões frias do hemisfério Norte, especialmente na Escandinávia, Rússia, Canadá, Alasca e Groenlândia.

Adaptadas ao clima extremo do Ártico e subártico, elas possuem cascos largos que funcionam para caminhar na neve fofa.

Os cascos também servem como pás para cavar o solo em busca de líquens, um dos principais alimentos das renas durante o inverno.

Uma das características das renas que as tornam únicas no mundo dos cervídeos é o fato de que tanto os machos quanto as fêmeas possuem chifres.

Sua pelagem é densa e garante excelente isolamento térmico. Além disso, os pelos das patas chegam até os cascos, ajudando na aderência ao gelo.

Outra característica curiosa das renas é que seus focinhos são especialmente projetados para aquecer o ar gelado antes que ele entre nos pulmões.

As renas também são famosas por realizar algumas das maiores migrações terrestres entre mamíferos, percorrendo centenas ou milhares de quilômetros em busca de pastagens melhores conforme as estações mudam.

Culturalmente, as renas desempenham papel vital para diversos povos indígenas do Norte — como sami, nenets e inuit — que dependem desses animais para transporte, vestimenta, alimentação e tradições espirituais.

Em muitas regiões, a criação de renas é uma atividade ancestral ainda viva, especialmente na Lapônia.

No imaginário popular, as renas se tornaram um símbolo icônico do período natalino. Isso graças à história das "renas voadoras do Papai Noel", que foi popularizada no século 19 com o poema "A Visit from St. Nicholas".