Após ser processada pela Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC), a Walt Disney concordou em pagar US$ 10 milhões (cerca de R$ 54 milhões) para encerrar a ação.
A acusação do órgão era de que a empresa teria viabilizado a "coleta ilegal" de informações de crianças. A denúncia foi apresentada no dia 2 de setembro.
A FTC alegou que duas subsidiárias da Disney — Disney Worldwide Services e Disney Entertainment Operations — violaram a Regra de Proteção à Privacidade Online de Crianças (COPPA), lei americana de 1998.
De acordo com a comissão, a companhia deixou de classificar adequadamente no YouTube certos vídeos como "conteúdo infantil".
A atitude teria exposto menores de idade a funções consideradas inadequadas para sua faixa etária.
Com o erro, a Disney coletou dados de crianças e usou essas informações para exibir anúncios direcionados, da qual recebe uma parte dos lucros.
O presidente da FTC, Andrew N. Ferguson, declarou em comunicado que a medida "penaliza o abuso da confiança dos pais pela Disney".
Por meio de um porta-voz, a Disney declarou que o acordo não se relaciona com as plataformas próprias do grupo, mas apenas com uma parcela do material veiculado em seu canal no YouTube.
Controlado pelo Google, o YouTube exige desde 2019 que vídeos destinados ao público infantil sejam devidamente sinalizados como “feitos para crianças”.
Além da multa, o acordo obriga a Disney a notificar os pais antes de coletar qualquer dado de crianças.
Além disso, a empresa deve implementar um novo programa para garantir que todo conteúdo infantil seja classificado corretamente no futuro.
O caso ocorre em um contexto mais amplo de preocupação da FTC com o monitoramento e a monetização de dados de crianças e adolescentes por plataformas digitais.
Essa é a segunda vez em menos de um ano que a Disney faz um acordo para resolver uma questão de ação judicial.
Em 2024, a empresa concordou em pagar US$ 43,3 milhões para encerrar uma ação coletiva na Califórnia que acusava a empresa de pagar menos a funcionárias em comparação a colegas homens.
De acordo com o processo, a companhia pagou cerca de US$ 150 milhões a menos para mulheres ao longo de oito anos.
A ação foi movida inicialmente por LaRonda Rasmussen em 2019, depois de ela descobrir que seis homens no mesmo cargo recebiam mais que ela.
Na época, a Disney contestou as acusações e tentou travar a ação coletiva, mas foi foi impedida por um juiz.
Além do pagamento, a Disney se comprometeu a contratar um economista especializado por três anos para analisar e garantir a equidade salarial entre seus funcionários não sindicalizados na Califórnia.