Um levantamento publicado na revista Science Advances revelou que o solo de algumas das principais cidades dos Estados Unidos estão cedendo aos poucos.
O estudo foi analisado por pesquisadores das universidades Columbia e Virginia Tech.
Embora o fenômeno da subsidência urbana já fosse conhecido, as imagens recentes revelaram que o processo é mais acelerado e abrangente do que se pensava.
Os cientistas analisaram 28 centros urbanos, utilizando radares de satélite capazes de medir deslocamentos do solo em escala milimétrica.
O resultado acendeu um alerta: ao menos dois terços das áreas urbanas de 25 cidades americanas estão afundando de maneira contínua.
Em Houston, por exemplo, quase metade da cidade apresenta rebaixamento superior a 5 milímetros por ano.
Em 10% das áreas o ritmo é ainda mais intenso, ameaçando bairros inteiros.
A principal causa identificada para esse fenômeno, conhecido como subsidência, é a extração excessiva de água subterrânea.
Quando os aquíferos são esvaziados, o terreno que fica em cima perde suporte e se compacta.
Segundo o autor do estudo, Leonard Ohenhen, muitas cidades americanas se expandem justamente sobre áreas já suscetíveis a esse tipo de instabilidade.
De acordo com ele, isso pode sobrecarregar a infraestrutura além de seus limites de segurança e comprometer prédios, estradas e pontes.
Enquanto Houston apresenta taxas alarmantes, Nova York vive uma situação particular.
Um conjunto de dados da NASA, Rutgers e JPL-Caltech mostra que 98% da metrópole sofre subsidência, embora em ritmo variável.
A taxa média é de 1,6 mm ao ano, mas locais construídos sobre aterros antigos afundam mais de 3 mm anualmente.
No Estádio Arthur Ashe, por exemplo, local onde ocorre o US Open, o índice de afundamento é de 4,6 mm por ano.
A maioria dessas construções foi erguida sobre antigos aterros sanitários, cujo solo é mais sujeito à compressão do que a rocha natural, acelerando o afundamento sob o peso da infraestrutura.
O risco, nesse contexto, é o aumento de inundações e falhas estruturais em edifícios e vias urbanas.
Ainda segundo o estudo, mais de 29 mil edifícios das cidades observadas estão em chamadas "zonas de alto risco".
Entre as possíveis soluções, os pesquisadores defendem a criação de mapas detalhados de subsidência para orientar políticas públicas e a revisão de códigos de construção.
Investimentos em sistemas de drenagem mais eficientes e um controle rigoroso da exploração de águas subterrâneas também são apontados como medidas preventivas.