Um estudo publicado na revista "PLOS ONE" revelou que tem ocorrido uma mudança significativa no padrão da felicidade humana.

Antes, acreditava-se que as pessoas eram mais satisfeitas na juventude, passavam por uma fase difícil na meia-idade e voltavam a se sentir bem na velhice.

Porém, os pesquisadores mostraram que essa lógica se inverteu.

A pesquisa, que analisou dados de dezenas de países entre 2020 e 2025, concluiu que a tristeza, ansiedade e mal-estar psíquico agora atingem o pico na juventude.

De acordo com o estudo, os jovens são hoje o grupo mais vulnerável ao sofrimento emocional, apresentando níveis mais altos de desmotivação do que os adultos e idosos.

Essa inversão é atribuída a múltiplos fatores da vida contemporânea, como o uso excessivo de redes sociais.

Também foram citados como causas a instabilidade econômica, a pressão por sucesso e boa aparência, a solidão e o desgaste psicológico da pandemia.

O estudo também cita "O Mal-estar na Civilização", de Freud, para explicar que o sofrimento moderno é intensificado pela "tirania da exposição".

No livro, publicado em 1930, ele alerta que conviver em sociedade implica abrir mão do prazer individual em nome da convivência.

Uma análise feita pela psicanalista Bianca Barki explica que o jovem hoje precisa exibir uma felicidade constante, como se sua existência dependesse da aprovação do outro.

O olhar social, que antes se restringia a círculos próximos, tornou-se global e incessante, mediado por telas, curtidas e algoritmos.

Ela também destaca que a liberdade prometida pela era digital transformou-se em uma falsa obrigação por performance.

No contexto clínico, foi observado um desconforto generalizado e uma sensação de exaustão prematura.

Em vez de viverem as experiências, muitos jovens se veem presos à necessidade de editar e comparar suas vidas no ambiente digital.

Tudo isso, segundo os pesquisadores, substitui o desejo espontâneo pela busca incessante por reconhecimento.

Os autores afirmam que, quando essa "validação digital" não vem, surge uma sensação de vazio.

Por fim, a pesquisa demonstra que há um novo tipo condição mental, típica de uma sociedade que transformou a felicidade em dever moral.

O drama desse indivíduo moderno é, portanto, aparentar total plenitude, mesmo quando por dentro se encontra esgotado.