Um grupo de arqueólogos identificou o consumo de noz de bétele em placas dentárias humanas datadas de 4 mil anos atrás.

Os restos analisados vieram do sítio neolítico Nong Ratchawat, na Tailândia Central.

A noz de bétele, também conhecida como noz de areca, tem efeitos psicoativos e é amplamente consumida na Ásia.

A descoberta é a prova bioquímica direta mais antiga do uso dessa substância no sudeste asiático, antecedendo em mil anos as evidências anteriores.

Normalmente, a noz deixa manchas nos dentes, mas os pesquisadores conseguiram detectar seus compostos mesmo em um indivíduo sem essas manchas visíveis.

O estudo é considerado inovador por sua metodologia, que permitiu identificar o consumo da noz de bétele mesmo em um indivíduo sem a descoloração dental visível.

Antes, as evidências se baseavam apenas em fragmentos de plantas ou dentes manchados.

A técnica utilizada (cromatografia líquida-espectrometria de massa) extrai traços químicos de pequenas amostras.

Os autores pretendem expandir a pesquisa para mais indivíduos e aplicar a técnica a outros resíduos alimentares e vegetais.

Hoje em dia, o consumo dessa noz é desencorajado por oferecer riscos à saúde, como câncer bucal.

Outros problemas associados à noz são: aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca e úlceras estomacais.

Ainda assim, a noz de bétele é a quarta substância psicoativa mais usada no mundo, depois da cafeína, álcool e nicotina.

A noz de bétele é a semente da palmeira Areca catechu, uma espécie nativa de regiões tropicais da Ásia.

Geralmente, a noz é mascada em forma de um "quid" – uma mistura da noz fatiada com folhas de bétele, cal hidratada e, às vezes, temperos ou tabaco.

Essa prática tem mais de 2 mil anos e é profundamente enraizada em culturas locais, estando presente em rituais religiosos, celebrações e interações sociais.

A noz contém alcaloides, como a arecolina e a arecaína, que produzem efeitos estimulantes e eufóricos semelhantes aos da nicotina.

O uso dessa noz é tão difundido que, em países como Índia, Paquistão, Bangladesh, Mianmar e partes do sudeste asiático, é comum ver pessoas com os dentes manchados de vermelho (cor resultante da mastigação).