Um estudo publicado na Nature Aging revelou que um simples exame de sangue pode ser capaz de prever como uma pessoa vai envelhecer e até a sua expectativa de vida.

O teste analisa a metilação do DNA, um processo que regula a ativação de genes, para estimar a chamada capacidade intrínseca (CI).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a CI reflete as capacidades físicas e mentais de um indivíduo.

Com base em dados de 1.014 pessoas entre 20 e 102 anos, os cientistas criaram um chamado “relógio epigenético”.

Com isso, eles desenvolveram uma pontuação baseada em cinco áreas do envelhecimento: cognição, locomoção, sentidos, saúde psicológica e vitalidade.

Pessoas com pontuação alta nesse relógio apresentaram melhor saúde geral, viveram em média 5,5 anos a mais e tinham menor risco de doenças como hipertensão, AVC e insuficiência cardíaca.

O teste é não invasivo (pode usar sangue ou saliva) e ajuda a entender o envelhecimento biológico, não apenas a idade cronológica.

Hábitos como consumo de peixes ricos em ômega-3 e limitar açúcar foram associados a uma CI mais elevada.

O médico Thomas M. Holland, professor assistente da Universidade RUSH, nos EUA, afirmou que essa é uma ferramenta muito promissora na ciência do envelhecimento.

Ele nos mostra não apenas quantos anos você tem, mas como você está envelhecendo — algo muito mais significativo para orientar intervenções preventivas, comentou ele.

Ainda relacionado a exames de sangue, no fim de maio/25, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) autorizou o uso clínico do primeiro exame de sangue para auxiliar no diagnóstico da doença de Alzheimer.

Desenvolvido pela empresa japonesa Fujirebio, o teste mede duas proteínas no sangue associadas às placas amiloides no cérebro — um dos principais marcadores da doença.

O exame, considerado uma alternativa mais acessível e menos invasiva do que os métodos tradicionais, pode ser usado como ferramenta auxiliar especialmente em pacientes com declínio cognitivo a partir dos 55 anos.

Em testes clínicos, o exame conseguiu mais de 91% de acerto em resultados positivos e 97% em negativos.

Em junho, um estudo da Universidade Johns Hopkins, publicado na revista Cancer Discovery, revelou que um exame de sangue pode detectar sinais de câncer até três anos antes do surgimento de sintomas.

O teste, chamado MCED (Detecção Precoce de Múltiplos Cânceres), analisa fragmentos de DNA tumoral circulante no sangue, detectando mutações associadas ao câncer em estágio muito inicial.

Foram analisadas amostras de sangue de 52 participantes. Em oito casos, o exame acusou mutações cancerígenas meses antes do diagnóstico clínico.

Em quatro desses casos, as alterações já estavam presentes em amostras de mais de três anos antes.

O teste, porém, não indica a localização do tumor, exigindo exames complementares para confirmação.

Apesar do grande potencial, os pesquisadores alertam que ainda são necessários protocolos clínicos para lidar com resultados positivos em pacientes assintomáticos.

A pesquisa foi financiada por várias instituições norte-americanas, incluindo os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH), e novas pesquisas em larga escala já estão planejadas.