Um conjunto de 69 gravuras originais de Rembrandt, um dos maiores nomes da história da arte, está em exibição gratuita no Centro Cultural dos Correios, no Centro do Rio de Janeiro.
É a primeira vez que essas obras chegam ao Brasil, reunidas na mostra “Rembrandt – O mestre da luz e da sombra”, que celebra o talento técnico e a sensibilidade do artista holandês do século 17.
Todas as obras são autênticas e pertencem a colecionadores internacionais de diversos países. Elas já passaram por países como Alemanha, Itália, Espanha, Estados Unidos, China e México.
No Rio de Janeiro, elas estão distribuídas em duas salas de atmosfera intimista, onde a iluminação foi cuidadosamente planejada para destacar o jogo de contrastes - uma marca registrada da obra de Rembrandt.
Segundo o diretor artístico da exposição, Marcelo Lages, a proposta foi criar um ambiente que aproximasse o visitante da experiência visual concebida pelo artista.
As gravuras em exibição no Centro Cultural dos Correios revelam o refinado domínio técnico do artista holandês.
Segundo o curador Luca Baroni, diretor da Rede dos Museus da Região Marche Nord, na Itália, a mostra foi pensada para ampliar o acesso e a experiência sensorial do público.
“Rembrandt é um artista universal, que emociona pessoas de qualquer tempo e lugar. Essa exposição busca mostrar a força de seu trabalho com obras significativas, num projeto verdadeiramente inclusivo”, afirma Baroni.
Além de gratuita, a exposição aposta em acessibilidade. Há plaquetas em braile, textos em libras, lupas para observação de detalhes e até um autorretrato tátil em 3D, que permite ao visitante “sentir” o rosto do artista.
A mostra “Rembrandt – O mestre da luz e da sombra” fica em cartaz no Rio de Janeiro até 8 de novembro de 2025. Depois, segue para a Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte, a partir de 18 de novembro, e, sem seguida, para o Palácio Anchieta, em Vitória, no Espírito Santo, em janeiro de 2026.
Rembrandt Harmenszoon van Rijn viveu entre 1606 e 1669. Nascido em Leiden, em 1606, o artista destacou-se ainda jovem e consolidou sua fama em Amsterdã durante o período barroco.
O holandês revolucionou a arte ao unir técnica refinada e uma sensibilidade rara para representar a condição humana.
Suas gravuras exploram com maestria o contraste entre luz e sombra - o famoso chiaroscuro -, criando atmosferas intensas e carregadas de emoção.
Ele retratou com igual profundidade reis e mendigos, cenas bíblicas e o cotidiano de sua época, sempre revelando as emoções mais sutis e contraditórias da alma humana.
Ao longo da carreira, Rembrandt produziu cerca de 300 quadros, 300 gravuras e mais de 2.000 desenhos. Sua influência atravessou séculos, inspirando movimentos como o Impressionismo e cineastas que exploraram a luz com o mesmo rigor dramático.
A produção artística de Rembrandt é geralmente dividida em duas fases. Na primeira, influenciado por Pieter Lastman, destacam-se as obras de temáticas bíblicas e mitológicas. Na segunda fase, a partir de 1640, Rembrandt intensifica o uso de tons dourados e do chiaroscuro, criando cenas mais introspectivas, com luz como elemento emocional e espiritual, aproximando-se da técnica de mestres como o italiano Ticiano.
Os mais de 100 autorretratos traçam leituras psicológicas profundas, comparáveis às de Van Gogh. Até sua época, nenhum artista havia produzido uma quantidade tão grande de obras do tipo.
Entre os retratos de grupos, destacam-se "A Aula de Anatomia do Dr. Tulp" e "A Ronda Noturna", que representam marcos na arte holandesa do século XVII.
Como gravador, ele produziu obras entre 1626 e 1660, utilizando a técnica de água-forte sobre placas de metal, que permitia multiplicar impressões com alta fidelidade.
O Museu Rembrandt, inaugurado em 1906 na antiga residência do artista na capital holandesa Amsterdã, preserva obras do artista e de seus pupilos, além de cômodos originais, incluindo seu atelier.