
O ator Fábio Assunção fez um relato comovente sobre o período em que enfrentou a dependência química, descrevendo o momento como uma ruptura profunda em sua vida.
Em entrevista ao podcast Tantos Tempos, ele contou que viu sua trajetória desmoronar por volta dos 30 anos, quando, em suas palavras, “envelheceu”. Segundo o ator, a dedicação intensa ao trabalho e as cobranças constante acabaram o levando ao limite.
“Foi um cansaço, um envelhecimento. Eu precisava parar. Foi um boicote. Eu precisava parar naquele movimento para me abastecer de outras coisas. Eu estava esgotado. Eu fiquei dez anos dentro de um estúdio trabalhando. Eu cheguei aos 30 exausto. Ali, eu fiquei velho, sabe? Eu virei um bebê. Tive que reaprender tudo: a andar, a falar, a lidar com meus horários”, relatou.
“Olhando hoje, de fora, eu acho a vida linda, porque ela sempre te dá possibilidades de você não desistir, ser resiliente, ressignificar sua velhice, sua juventude. A gente é livre. Eu posso ter o pensamento que eu quiser”, completou o ator.
Fábio ressaltou ainda o papel da família e das novas perspectivas em sua recuperação. Pai de três filhos, ele diz que cada um deles representa um aprendizado.
“Eu tenho três filhos, com cada um é assunto. Tudo é uma forma de ensinamento. Acho que isso é não ficar velho. Ficar velho é desistir. Eu sei o que é, temporariamente, eu desisti. Por isso eu disse que fiquei velho naquele momento, eu desisti. Ainda que depois eu tenha retomado o fôlego. A diferença é essa: você achar que hoje, coisas vão acontecer. A gente está pulsando coisas”, completou.
Nascido em São Paulo no dia 10 de agosto de 1971, Fábio Assunção construiu uma carreira sólida e reconhecida na teledramaturgia brasileira.
Ator e diretor teatral, ele se tornou um dos rostos mais conhecidos das novelas da TV Globo, acumulando papéis marcantes e uma trajetória que combina talento, intensidade e reinvenção.
Antes de ingressar na televisão, Fábio demonstrava afinidade com as artes desde cedo. Ainda criança, estudou piano por mais de dois anos, e mais tarde se aventurou no violão e no canto.
Por um breve período, cursou publicidade, até que um anúncio de um curso de teatro na Fundação das Artes, em São Caetano, despertou seu verdadeiro interesse.
Pouco tempo depois, ele levou seu currículo à Rede Globo e foi selecionado para um teste. Em apenas uma semana, estava no ar em sua primeira novela, “Meu Bem, Meu Mal” (1990), início de uma longa parceria com o público e com autores renomados. Nos anos seguintes, o ator ganhou destaque em produções de sucesso, como “Vamp” (1991), “De Corpo e Alma” (1992) e “Sonho Meu” (1993).
Alternando entre mocinhos e vilões, conquistou o público e a crítica. Em “O Rei do Gado” (1996), viveu o coprotagonista Marcos Mezenga, papel que lhe rendeu indicação ao Troféu Imprensa.
Pouco depois, brilhou em “Por Amor” (1997 - 1998), como o empresário Marcelo, e em “Força de um Desejo” (1999), no papel do romântico Inácio.
Ao longo da carreira, também protagonizou minisséries e seriados de prestígio, entre eles “Labirinto”, “Os Maias”, “Mad Maria” e “Copas de Mel”, consolidando sua versatilidade.
No cinema, recebeu em 2009 o prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles, pelo filme “Bellini e o Demônio”, baseado em livro de Tony Bellotto.
No mesmo período, sua atuação em “Dalva e Herivelto - Uma Canção de Amor” lhe garantiu indicação ao Emmy Internacional e novos prêmios nacionais, confirmando sua força dramática.
Apesar da trajetória de sucesso, Fábio enfrentou momentos delicados em sua vida pessoal, marcados pela luta contra a dependência química. O ator se afastou temporariamente dos estúdios para buscar tratamento em clínicas no Brasil e no exterior.
De volta à TV, retomou o ritmo de trabalho em produções como “Tapas e Beijos” (2011–2015), onde interpretou o carismático Jorge.
Em seguida, viveu papéis elogiados em “Totalmente Demais” (2015–2016), “A Fórmula” (2017) e “Onde Nascem os Fortes” (2018). Este último lhe rendeu grande reconhecimento por seu desempenho intenso e maduro.
Fábio também se aventurou na direção teatral, estreando em 2012 com o espetáculo “Expresso do Pôr do Sol”, adaptado por Maria Adelaide Amaral.
Paralelamente, consolidou seu interesse por temas sociais e culturais, envolveu-se em projetos de conscientização e, em 2023, ingressou no curso de Ciências Sociais da PUC-SP, reafirmando o desejo de aprofundar sua compreensão sobre a sociedade e o comportamento humano.
Na vida pessoal, o ator teve relacionamentos duradouros e é pai de três filhos: João, fruto de sua união com a empresária Priscila Borgonovi; Ella Felipa, de seu relacionamento com a fotógrafa Karina Tavares; e Alana Ayo, nascida de seu casamento com a advogada Ana Verena.