Raimundo Fagner Cândido Lopes, uma das vozes mais marcantes do cenário musical nordestino e brasileiro, completa 76 anos em 13 de outubro. O cantor, então, se prepara para um show memorável no Festival Estilo Brasil, no Ulysses Centro de Convenções, em Brasília, no dia 24 de outubro.

Além de Fagner, artistas como Martinho da Vila, Caetano Veloso, Tim Bernardes, Paralamas do Sucesso e Dado Villa Lobos, Lô Borges, Beto Guedes e Sérgio Hinds também irão se apresentar no Festival.

Ícone da Música Popular Brasileira, o experiente artista se mantém em intensa atividade criativa após mais de cinco décadas de uma trajetória marcante, que conquistou uma legião de fãs.

Após um hiato de 10 anos desde o último álbum solo de inéditas, intitulado de “Pássaro Urbano”, de 2014, o artista lançou recentemente “Além desse futuro”. Um disco que pretende focar em sentimentos, como o amor e a resiliência.

O cantor nasceu em Orós, no Ceará, e foi criado em um ambiente musical vibrante, influenciado por sua família. Seu pai tinha origem libanesa e cantava canções árabes, assim como passou ao filho o gosto pelas serestas nordestinas.

A carreira musical de Raimundo Fagner começou ainda criança, aos seis anos, quando ganhou um concurso infantil na rádio local ao cantar uma música para o Dia das Mães.

Ao longo de sua formação musical, ele teve como referências grandes nomes da música brasileira, como Luiz Gonzaga, Orlando Silva e Nelson Gonçalves, além da música libanesa ouvida em casa.

Na adolescência, formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias canções. Venceu, em 1968, o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música "Nada Sou", em parceria com Marcus Francisco.

Chegou a se matricular no curso de arquitetura na Universidade de Brasília, mas abandonou a faculdade para se dedicar integralmente à música.

O lado profissional decolou em 1971, em Brasília, ao vencer o festival da Ceub com a música "Mucuripe", em parceria com Belchior. Elis Regina gravou a canção no ano seguinte, o que consagrou Fagner como compositor e impulsionou sua carreira.

Em 1973, lançou seu primeiro álbum, "Manera Fru Fru, Manera", que se tornou um sucesso e trouxe duas canções clássicas: "Mucuripe" e "Canteiros".

O cantor fez, em 1973, a trilha sonora do filme "Joana, a Francesa", que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e canto. De volta ao Brasil, gravou, em 1975, seu segundo álbum de estúdio, intitulado "Ave Noturna", que foi lançado pela gravadora Continental.

Fagner, então, teve uma de suas canções na trilha sonora de uma novela. Foi com "Beco dos Baleiros", de Petrúcio Maia e Brandão, na obra "Ovelha Negra" da TV Tupi. Ainda pela gravadora Continental, gravou um compacto simples ao lado de Ney Matogrosso.

Assim, seu terceiro disco, lançado pela gravadora CBS, foi um sucesso em vendas, com 40 mil exemplares na primeira semana. Já o quarto, intitulado "Orós", de 1977, teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal.

Ao assinar com a CBS, Fagner exigiu ser contratado também como produtor. Assim, ele ajudou a lançar vários nomes do Nordeste brasileiro, incluindo Zé Ramalho, Elba Ramalho, Amelinha e o próprio Robertinho de Recife.

Os álbuns mais marcantes do artista nos anos 80 incluem "Eternas Ondas", de 1980, "Traduzir-se", de 1981, "Fagner", de 1982, e "Romance no Deserto", de 1987. Esses discos solidificaram sua carreira, com sucessos como "Canção Brasileira", "Borbulhas de Amor" e "Deslizes".

Nos anos 90, lançou obras como "Pedras Que Cantam", em 1991, com sucessos como a faixa-título e "Borbulhas de Amor", assim como "Teral", de 1997, que incluía a regravação de "Espumas ao Vento" e outras canções como a que dá nome ao álbum.

Fagner emplacou diversos sucessos em novelas, como "Pedras que Cantam" em Pedra sobre Pedra, "Noturno", na obra Coração Alado, e "Amor Escondido" em Tieta.

Em 2003, lançou o álbum de estúdio e o DVD ao vivo Raimundo Fagner & Zeca Baleiro, que rendeu sucessos como "Dezembros" e "Palavras e Silêncios".

Ao longo de mais de cinquenta anos de carreira, Fagner gravou mais de 40 discos e 20 coletâneas, misturando elementos do romance com o swing nordestino, além de lançar sucessos como "Asa Partida", "Corda de Aço" e "Borbulhas de Amor".

Mesmo com o sucesso nacional e internacional, Fagner sempre manteve forte ligação com suas raízes, residindo em Fortaleza, Ceará, sua cidade natal.

O cantor é conhecido por suas parcerias musicais, tanto com outros artistas quanto com poetas e compositores, como Belchior, Vinicius de Moraes, Ferreira Gullar e Chico Buarque.

O artista traz a fusão da música nordestina com a MPB, o uso de arranjos criativos e alta qualidade poética, assim como a diversidade de gêneros: baião, rock, folk e pop.

Fagner é casado com Bárbara Lemos, e juntos eles têm um filho chamado Luca. Ele também tem outro filho, Henrique, que é jogador de futebol, já atuou nas categorias de base do Corinthians e atualmente defende as cores do Cruzeiro.