Cientistas russos anunciaram a descoberta de um grande cemitério de baleias sob uma antiga geleira na Ilha Wilczek, no Ártico russo.
O achado ocorreu por acaso durante a expedição APU-2025, a bordo do navio de pesquisa Professor Molchanov, coordenada pelo Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártico (AARI).
A missão tinha como objetivo principal estudar o permafrost e a criolitozona, mas acabou surpreendendo os especialistas.
O vasto campo de ossos de baleias foi revelado em uma área que antes era coberta por gelo.
O derretimento acelerado dividiu a calota de gelo da ilha em duas partes, expondo um "terraço marinho" com vários quilômetros quadrados.
Os esqueletos mais próximos da geleira estavam bem preservados, enquanto os encontrados perto da costa sofreram com a erosão.
A descoberta sugere uma mudança abrupta no nível do mar nos últimos milhares de anos, alterando consideravelmente o ambiente do Ártico euroasiático.
Os pesquisadores acreditam que o local pode ter sido um antigo habitat marinho ou zona de encalhe.
A expedição, que foi iniciada no dia 9 de julho, segue até o início de agosto.
Com os estudos, os cientistas ainda esperam obter mais informações sobre as condições geológicas e climáticas da região.
Descoberta em 1873 pela expedição austro-húngara liderada por Julius von Payer e Karl Weyprecht, a Ilha Wilczek é uma das muitas ilhas que compõem o arquipélago da Terra de Francisco José.
A ilha foi batizada em homenagem ao conde húngaro Johann Nepomuk Wilczek, um dos principais financiadores da expedição.
Com uma área de aproximadamente 220 km² e 190 ilhas, o arquipélago é relativamente coberto por geleiras e terrenos rochosos típicos do Ártico.
A região é praticamente inabitada, com presença humana limitada a expedições científicas e bases meteorológicas ou militares temporárias.
A fauna local inclui ursos-polares, focas e diversas aves marinhas que dependem do ambiente gelado para sobreviver.
A Ilha Wilczek, assim como o restante do arquipélago, está protegida como parte de uma reserva natural.
Além disso, sua localização a coloca em uma posição-chave no contexto geopolítico, devido às rotas marítimas que se tornam mais acessíveis com o derretimento do gelo e aos recursos naturais da região.