O dia 18 de outubro de 2025 marca os 110 anos de nascimento de Grande Otelo, importante ator brasileiro do século 20. A seguir, o Flipar conta fatos marcantes de sua trajetória!

Sebastião Bernardes de Souza Prata nasceu em 18 de outubro de 1915, em Uberlândia, Minas Gerais, e viria a ser famoso ainda jovem como Grande Otelo.

A sua infância foi marcada por graves dificuldades e tragédias. O pai de Grande Otelo morreu esfaqueado quando ele tinha apenas dois anos, e sua mãe enfrentava problemas com alcoolismo, circunstâncias que o deixaram em situação de vulnerabilidade desde cedo.

No início dos anos 1920, Grande Otelo começou a se apresentar em picadeiros de circo em Uberlândia. Ainda na infância, foi entregue pela mãe à companhia mambembe de Abigail Parecis e levado para São Paulo.

A origem do apelido Grande Otelo é controversa, mas sabe-se que a referência é ao personagem da peça de Shakespeare e uma brincadeira com a baixa estatura do ator - apenas 1,5m.

Na década de 1930, sua carreira no teatro de revista ganhou força e ele passou a ganhar notoriedade com o público. O gênero era muito popular no Brasil no início do século 20 e Otelo integrou companhias como a de Jardel Jércolis, participando de espetáculos de variedades, música e comédia.

No campo cinematográfico, Grande Otelo iniciou suas participações já em 1935, no filme “Noites Cariocas”. Mas foi durante o período das chanchadas, nas décadas de 1940 e 1950, que consolidou seu lugar no cinema nacional, sobretudo por sua parceria com o comediante Oscarito. Juntos, eles protagonizaram sucessos que marcaram a cultura popular brasileira como "Carnaval Atlântida".

Em 1942, teve uma experiência internacional relevante ao participar das filmagens do projeto “It’s All True”, idealizado pelo celebrado diretor americano Orson Welles. Mesmo que o filme tenha ficado inacabado, o episódio ficou como um marco simbólico em sua carreira.

Welles ficou impressionado com a naturalidade de Grande Otelo diante da câmera e chegou a classificá-lo como o maior ator do Brasil.

Com o declínio das chanchadas, Grande Otelo demonstrou versatilidade ao migrar para papéis dramáticos.

Um de seus papéis mais memoráveis foi no filme “Macunaíma”, de 1969, baseado na obra de Mário de Andrade e com direção de Joaquim Pedro de Andrade.

Pela atuação no filme em que contracenou com ícones como Paulo José e Jardel Filho, ele foi premiado na categoria de Melhor Ator do Festival de Brasília de 1969.

Entre outros filmes marcantes da trajetória do ator mineiro estão ‘Rio, Zona Norte”, de Nelson Pereira do Santos, “Assalto ao Trem Pagador”, de Roberto Farias, e “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”, de Héctor Babenco.

Na televisão, sua presença foi constante. Grande Otelo atuou em novelas, programas de humor e produções de longa duração.

Em relação a novelas, ele trabalhou em produções como “Uma Rosa com Amor”, de 1972, no papel de Pimpinoni, e “Sinhá Moça”, de 1986, onde interpretou o personagem Justo.

Entre 1990 e 1993, ele fez parte do elenco do humorístico Escolinha do Professor Raimundo, comandado por Chico Anysio, interpretando o personagem Seu Eustáquio e seu bordão “"Aqui! Qui queres?"”

Sua última aparição em novelas foi em “Renascer”, de 1993, quando teve uma participação especial ao encarnar o personagem Chico das Mortes.

Grande Otelo também envolveu-se com música. Ele interpretou sambas e marchinhas, além de compor canções populares com grandes nomes da música brasileira, como Herivelto Martins e Wilson Batista. Entre as mais conhecidas estão “Praça Onze”, “Mundo de Zinco” e “Cadê Mimi?”.

Em sua vida pessoal, Grande Otelo teve de lidar com episódios trágicos. Em 1941, casou-se com Lúcia Maria Pinheiro, que acabou matando seu filho de seis anos, enteado do ator, e se suicidando em seguida. Depois, uniu-se a Olga Vasconcellos, com quem teve quatro filhos. Mais tarde, casou-se com a dançarina Joséphine Hélène.

Em 26 de novembro de 1993, aos 78 anos, Grande Otelo morreu após sofrer um infarto ao desembarcar no aeroporto Charles de Gaulle, na França, onde participaria de homenagens ao cinema negro. Seu corpo foi trasladado ao Brasil e enterrado em Uberlândia, sua terra natal, onde admiradores prestaram homenagens finais.

Nos últimos anos, Grande Otelo tem sido tema de homenagens. Uma das mais relevantes foi o documentário “Othelo, O Grande”, de Lucas H. Rossi, que narra a trajetória do artista, venceu a categoria Melhor Documentário do Festival do Rio em 2023.