
Guajará-Mirim é uma cidade fronteiriça de Rondônia, banhada pelo rio Mamoré e vizinha da Bolívia. Fundada em 1912 com a chegada da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, carrega um passado vibrante ligado à exploração da borracha e à epopeia ferroviária. Pouco explorada pelo turismo convencional, guarda relíquias e paisagens únicas. É um convite à descoberta de um Brasil profundo e fascinante.
Símbolo de resistência e engenharia na selva, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi construída entre 1907 e 1912 para escoar borracha da Amazônia. Com 366 quilômetros de trilhos entre Porto Velho e Guajará-Mirim, enfrentou doenças tropicais e mortes em massa. Hoje, seus restos são patrimônio histórico tombado pelo IPHAN. Em Guajará, é possível ver locomotivas antigas e trilhos engolidos pela mata.
O Museu Municipal abriga peças da ferrovia, documentos históricos e artefatos indígenas. É um espaço modesto, mas essencial para entender a formação da cidade. O acervo inclui fotos raras, ferramentas dos operários e mapas da Madeira-Mamoré. Também há exposições sobre a cultura boliviana e a relação fronteiriça. É ponto obrigatório para quem busca contexto histórico.
O rio Mamoré separa Guajará-Mirim da cidade boliviana de Guayaramerín. A travessia é feita por pequenas embarcações que transportam pessoas e mercadorias. A relação entre as cidades é intensa, com comércio e cultura compartilhados. O pôr do sol no Mamoré é um espetáculo à parte, refletindo a floresta e os barcos. É um dos cenários mais bonitos da região.
Guajará-Mirim abriga diversas comunidades indígenas, como os Wari’ e os Oro Nao. Essas populações mantêm tradições ancestrais e vivem em áreas protegidas próximas à cidade. É possível visitar aldeias com autorização e conhecer rituais, artesanato e culinária típica. A presença indígena é parte vital da identidade local. O respeito à cultura é essencial para qualquer visitante.
Muitas construções em Guajará-Mirim são feitas sobre palafitas, especialmente às margens dos rios. Essa arquitetura típica da Amazônia protege contra enchentes e revela a adaptação ao ambiente. Casas coloridas, varandas amplas e madeira de lei compõem o cenário urbano. É uma estética simples, mas cheia de charme e funcionalidade. Caminhar por esses bairros é mergulhar na vida amazônica.
O Mercado Municipal é o coração comercial da cidade, onde se encontram peixes frescos, frutas amazônicas e produtos bolivianos. É um espaço vibrante, com cheiros intensos e vozes misturadas em português e espanhol. O tacacá, o peixe tambaqui e o açaí são destaques gastronômicos. Também há venda de artesanato indígena e ervas medicinais. É, portanto, um ponto de encontro cultural.
Construída em estilo colonial, a Igreja Matriz é um dos edifícios mais antigos da cidade. Seu interior simples abriga imagens sacras e vitrais coloridos. É palco de festas religiosas que misturam fé católica e tradições locais. A igreja é símbolo da espiritualidade guajaramirense. Fica no centro da cidade e é aberta à visitação.
O parque é uma área de conservação com trilhas, mirantes e rica biodiversidade. É ideal para caminhadas ecológicas e observação de aves. Onças, macacos e botos podem ser avistados com sorte e paciência. Guias locais oferecem passeios interpretativos pela floresta. É um exemplo de preservação em meio à urbanização.
O porto de Guajará-Mirim é movimentado por barcos de carga e transporte de passageiros. As embarcações de madeira, chamadas de “voadeiras”, são comuns na região. O porto é ponto de partida para passeios pelo Mamoré e visitas às comunidades ribeirinhas. É também um centro logístico para o comércio com a Bolívia. O cheiro de diesel e o peixe fresco marcam o ambiente.
A cidade celebra festas como o Arraial de São João e o Festival do Peixe. Nessas ocasiões, há danças típicas, quadrilhas, comidas regionais e apresentações culturais. O folclore amazônico, com figuras como a Cobra Grande e o Boto, é representado em encenações. As festas são momentos de união comunitária e valorização da identidade local. Visitá-las é vivenciar o espírito guajaramirense.
O artesanato local mistura influências indígenas e bolivianas, com peças em madeira, cerâmica e palha. Colares, máscaras, cestos e esculturas são vendidos em feiras e lojas da cidade. Cada peça carrega simbolismo e técnica ancestral. É uma forma de sustento para muitas famílias. Comprar artesanato é apoiar a cultura viva da região.
A antiga estação da Madeira-Mamoré em Guajará-Mirim está em ruínas, mas ainda impressiona. O prédio de tijolos vermelhos e telhado colonial guarda ecos do passado. É possível caminhar entre os trilhos e imaginar o movimento de outrora. A vegetação tomou conta de partes da estrutura. É um lugar melancólico e poético.
Embora a travessia principal de Guajará-Mirim a Guayaramerín ainda seja fluvial, está em curso projeto para uma ponte sobre o Rio Mamoré. A construção foi autorizada em agosto de 2025 após mais de um século de discussão. Será uma ponte com pista dupla para veículos e passagem para pedestres, a fim de integrar ainda mais os países e facilitar o escoamento da produção brasileira.
A região é habitat de espécies como araras, tucanos, capivaras e jacarés. O contato com a fauna é comum em passeios de barco e trilhas. Fotógrafos e biólogos visitam a cidade em busca de registros raros. A preservação ambiental é tema recorrente entre os moradores, e a natureza esbanja seu protagonismo em Guajará-Mirim.
Além dos peixes e frutas, a culinária local inclui pratos como pato no tucupi, maniçoba e bolinhos de piracuí. Restaurantes simples oferecem refeições fartas e saborosas. A influência boliviana aparece em pratos como salteñas e empanadas. Comer em Guajará-Mirim é uma experiência sensorial completa, visto que os sabores são intensos e autênticos.
Algumas comunidades ribeirinhas oferecem hospedagem e experiências culturais para visitantes. É uma forma de turismo sustentável que valoriza o saber local. Os turistas aprendem sobre pesca artesanal, culinária e medicina da floresta. A interação é respeitosa e enriquecedora, se colocando como uma alternativa ao turismo convencional.
Guajará-Mirim enfrenta desafios como infraestrutura precária e falta de divulgação turística. No entanto, há iniciativas locais para revitalizar o patrimônio e promover o ecoturismo. A cidade tem potencial para se tornar referência em turismo histórico e ambiental. Com apoio e visibilidade, pode florescer como destino amazônico. O futuro depende de valorização e investimento.