
Poucas trajetórias simbolizam tanto a força humana quanto a da escritora americana Helen Keller. Ela perdeu a visão e a audição ainda bebê e revelou uma extraordinária determinação, criando maneiras próprias de interagir e compreender o mundo. A seguir, o Flipar conta essa história.
Helen Adams Keller nasceu em 27 de junho de 1880, na pequena cidade de Tuscumbia, no Alabama, Estados Unidos.
A vida de Keller tomaria um rumo drástico com apenas 19 meses de idade, quando uma doença - provavelmente escarlatina ou meningite - deixou-a surda e cega.
Em busca de ajuda, sua mãe recorreu a médicos e instituições especializadas até chegar ao inventor Alexander Graham Bell, que trabalhava com crianças surdas.
Bell sugeriu que os Keller buscassem orientação no Instituto Perkins para Cegos, em Boston. Foi ali que, em 1887, entrou na vida de Helen a figura que mudaria seu destino: a jovem professora Anne Mansfield Sullivan.
Aos 20 anos, Anne Sullivan, que era parcialmente cega, chegou à casa dos Keller com uma abordagem pedagógica inovadora para a época. Ela começou a ensinar Helen a soletrar palavras na palma da mão, usando o método manual do alfabeto tátil.
O progresso inicial foi lento, mas a virada decisiva ocorreu no famoso episódio da bomba d’água. Ao colocar a mão da menina sob o jato de água fresca, Anne soletrou w-a-t-e-r na palma da outra mão. A conexão entre símbolo e significado finalmente aconteceu.
Determinada e incansável, Helen passou a dominar o braille, a leitura tátil de lábios e até a fala articulada, embora esta última nunca tenha sido plenamente compreendida por ouvintes.
Com o avanço da educação, ela desenvolveu uma sede de conhecimento que extrapolava as expectativas impostas às pessoas com deficiência no final do século 19.
Em 1900, ingressou no Radcliffe College, uma instituição feminina vinculada à Universidade Harvard, acompanhada de Anne Sullivan, que traduzia aulas e textos continuamente para sua mão.
Mesmo diante do gigantesco esforço físico e mental, Helen prosperou. Escreveu ensaios, estudou literatura inglesa, filosofia, grego, latim e história, tornando-se conhecida no campus por sua inteligência excepcional.
Em 1904, aos 24 anos, formou-se bacharela em Artes pelo Radcliffe, tornando-se a primeira pessoa surdocega da história a conquistar um diploma universitário.
Após a graduação, Helen Keller se transformou em uma das figuras mais influentes do século 20.
Ela tornou-se escritora, publicando 14 livros e centenas de artigos, conferencista, ativista pelos direitos de pessoas com deficiência, defensora do sufrágio feminino, da paz internacional e de causas trabalhistas.
Seus discursos e viagens internacionais ampliaram a visibilidade de pessoas com deficiência em escala inédita, inspirando movimentos e legislações ao redor do mundo.
Helen também se envolveu com avanços tecnológicos, como o desenvolvimento de máquinas de escrever adaptadas e iniciativas para aprimorar métodos de alfabetização sensorial.
Sua relevância cultural ultrapassou fronteiras graças à adaptação de sua vida para o teatro e, posteriormente, para o cinema no clássico “O Milagre de Anne Sullivan” (1962), que eternizou a relação transformadora com Anne Sullivan.
Ela morreu aos 87 anos, em 1º de junho de 1968, em Westport, Connecticut, deixando um legado de coragem, intelecto e impacto social que continua a influenciar gerações. Seu corpo está enterrado na Catedral Nacional de Washington.