O maior incêndio da história de Los Angeles, na Califórnia, tem provocado destruição em massa na cidade norte-americana, inclusive ameaçando pontos turísticos famosos da região.

Um dos maiores agravantes tem sido a falta d'água em hidrantes, causada pela pressão reduzida nos sistemas urbanos, projetados apenas para incêndios localizados.

Iniciado em Pacific Palisades na terça-feira (07/01), o fogo já destruiu bairros inteiros, incluindo áreas de luxo habitadas por bilionários e celebridades.

O incêndio se espalhou para a região de Hollywood Hills, que fica ao sudoeste das montanhas de Santa Mônica, ameaçando locais icônicos, um deles a famosa placa de Hollywood.

Até o momento (09/01), quatro grandes focos consomem cerca de 11 mil hectares, em um cenário de "tempestade perfeita" com ventos superiores a 100 km/h e umidade extremamente baixa.

O incêndio já causou cinco mortes, destruiu ao menos 1.900 imóveis e continua sem controle, apesar de um breve alívio nos ventos na manhã desta quinta-feira (08/01).

Até a manhã desta sexta-feira (9/1), em torno de 130 mil pessoas já tinham recebido ordens de evacuação e 400 mil residências estavam sem energia elétrica.

"Levamos o sistema ao limite. Estamos combatendo um incêndio florestal com sistemas de água urbanos", ressaltou Janisse Quinones, diretora-executiva do Departamento de Água e Energia de Los Angeles.

Na noite de quarta-feira (8/1) um novo foco de incêndio surgiu, afetando o Runyon Canyon Park, próximo à Calçada da Fama.

A polícia emitiu uma ordem de retirada para a área ao redor do parque, incluindo partes da famosa Hollywood Boulevard, onde estão localizados diversos pontos turísticos.

Bombeiros utilizam helicópteros e veículos para tentar conter as chamas, enquanto os incêndios continuam a se expandir pela região.

"Estamos enfrentando um desastre natural histórico. E acho que isso não pode ser enfatizado o suficiente", afirmou Kevin McGowan, diretor de gestão de emergências do Condado de Los Angeles.

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou medidas de emergência, incluindo o envio de cinco aviões-tanque, 10 helicópteros e dezenas de veículos para combater as chamas.

Os incêndios florestais na Califórnia têm sido cada vez mais intensos e rápidos nos últimos anos, resultado de mudanças climáticas e fatores humanos.

Desde 1991, os 10 incêndios mais destrutivos ocorreram no estado, com a propagação do fogo sendo quase quatro vezes mais rápida a partir de 2020.

Um estudo aponta que no Oeste dos EUA os incêndios se intensificam 250% mais rápido em relação a 2001, e dados do Cal Fire revelam que a área queimada na última década é 1,6 vez maior do que a média desde 1979.

Segundo a Administração de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa, na sigla em inglês), a maior parte dos incêndios florestais nos EUA é causada por atividades humanas, representando 84% dos casos.

Em seguida vem os raios, que provocam os 16% restantes dos incêndios.

Na Califórnia, 95% dos incêndios registrados pelo Cal Fire têm origem humana.

As florestas das montanhas californianas, naturalmente inflamáveis devido à presença de pinheiros ricos em resina e solo coberto por folhas mortas, tornam-se ainda mais vulneráveis pela redução das chuvas nos últimos anos.

Los Angeles é a segunda maior cidade dos Estados Unidos e um dos principais centros culturais, econômicos e turísticos do mundo.

Conhecida como a "Cidade dos Anjos", Los Angeles abriga Hollywood, o coração da indústria cinematográfica, além de marcos icônicos como a Calçada da Fama e uma dezena de museus.

Seu clima mediterrâneo, com verões quentes e secos, atrai milhões de visitantes anualmente. A cidade é lar de eventos grandiosos como o Oscar.

Apesar de sua grandiosidade e fama, a cidade enfrenta desafios como engarrafamentos, altos custos de vida e vulnerabilidade a desastres naturais.