No fim de setembro, Maurício Kubrusly, ex-repórter da TV Globo, completou 80 anos. Conhecido pelo quadro "Me Leva, Brasil", exibido entre 2000 e 2017, ele marcou gerações ao retratar personagens curiosos e emocionantes pelo país.
Afastado da emissora desde 2019 por motivos de saúde, Kubrusly vive atualmente no sul da Bahia ao lado da esposa, Beatriz Goulart, e do cachorro Shiva. Afinal, o jornalista foi diagnosticado com Demência Fronto Temporal, a mesma condição enfrentada por Bruce Willis, que afeta memória, humor e comportamento.
Apesar das limitações, segundo a família, ele mantém o carinho pela vida e pelo povo brasileiro, características que sempre definiram seu trabalho e personalidade.
Recentemente, porém, Beatriz Goulart revelou ao jornal "O Globo" que o quadro do marido se agravou nos últimos meses. A doença degenerativa que acometeu o jornalista não tem cura.
A arquiteta fez o relato ao comentar sobre o documentário em homenagem ao jornalista, que foi ao ar em dezembro passado, na Globoplay. Beatriz Goulart disse que na época das gravações, no fim de 2023, Kubrusly já não conseguia ler e escrever. Com o tempo, ele passou a falar ainda menos e reconhece apenas a esposa.
“Ele já desligou de saber onde está. Antes a gente andava quilômetros, agora caminhamos uns 500 metros porque ele se cansa”, afirmou Goulart. O jornalista não se recorda da carreira de repórter ou do período em que foi crítico musical.
Em novembro de 2024, Kubrusly foi homenageado na sessão de abertura da 11ª Mostra de Cinema de Gostoso, em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. O documentário foi exibido em uma sala lotada de cinema ao ar livre, e Kubrusly foi aplaudido de pé pelo público.
Maurício Kubrusly trabalhou por 34 anos na TV Globo. A doença neurodegenerativa o obrigou se aposentar.
A doença é a mesma que afeta o premiado ator norte-americano Bruce Willis, aposentado da carreira cinematográfica desde 2022.
Kubrusly se mudou de São Paulo para Serra Grande, sul da Bahia, onde vive ao lado da mulher. No início de 2024, ela chegou a compartilhar nas redes um momento com o marido na praia.
"E chega um tempo onde a precariedade do instante e a imensidão da eternidade viram uma coisa só", escreveu Beatriz Goulart na legenda da foto.
A revelação de que Maurício Kubrusly convive com a demência frontotemporal foi feita em um quadro de série especial sobre os 50 anos do Fantástico, dominical da Globo, em agosto de 2023.
"Maurício Kubrusly deixou para trás São Paulo para mergulhar na natureza, o que tem sido um bom remédio para lidar com a Demência Fronto Temporal (DFT), que foi diagnosticada há alguns anos. A memória se foi mas, como ele sempre diz, permanece sua enorme paixão pela vida e pela gente brasileira", diz o texto do Fantástico.
Maurício Kubrusly deixou a Globo em maio de 2019, meses antes do fim de seu contrato com a emissora carioca.
A demência frontotemporal (DFT) é uma doença neurodegenerativa que afeta regiões do cérebro e provoca perda progressiva de funções do órgão.
Os lobos frontais e temporais laterais são as áreas cerebrais mais afetadas pela doença degenerativa.
A DFT é uma condição mais rara que outros tipos de demência e a hereditariedade é um fator muito influente.
A faixa etária em que a doença neurodegenerativa costuma se manifestar é entre entre 45 e 65 anos. A DFT não tem cura, mas seus sintomas podem ser abrandados com uma série de medidas acompanhadas de especialistas de áreas como psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia.
Os sintomas mais comuns se manifestam em comportamentos e na linguagem. Alterações de personalidade, dificuldade para controlar impulsos e perda de memória são outros efeitos.
Além da avaliação dos sintomas, o diagnóstico requer exames complementares como tomografia e ressonância.
Maurício Kubrusly foi contratado pela Globo em 1985 e estreou participando da cobertura da primeira edição do Rock in Rio.
No Fantástico, Kubrusly comandou o quadro "Me Leva, Brasil", no Fantástico, entre os anos de 2000 e 2016.
Para essas reportagens, Kubrusly viajava pelo Brasil em busca de histórias curiosas e contadas com uma irreverência peculiar.
Em 2016, o jornalista sofreu um infarto e passou por cirurgia para colocação de dois stents - dispositivo para evitar a obstrução de uma artéria. Antes de receber o diagnóstico e deixar a Globo, Kubrusly fez participações ocasionais até o fim de 2017.