A atriz Lilia Cabral será a intérprete de Rita Lee (1947–2023) nos palcos em um espetáculo que irá retratar os últimos anos de vida da eterna rainha do rock brasileiro.

Intitulada “Rita Lee: Balada da Louca”, a peça é uma criação de Guilherme Samora, inspirada na segunda autobiografia da artista, e busca apresentar ao público um retrato mais íntimo e humano da cantora.

Admiradora de longa data de Rita, a atriz revelou a emoção de assumir o papel. “Sempre fui fã da Rita, que, para mim, é uma referência em tudo”, confessou.

“Quando recebi esse convite, cheguei a perder um pouco o rumo. Nunca havia pensado nessa possibilidade. Curioso que, quando comentei com algumas pessoas, elas se surpreendiam e diziam que era uma junção de mundos maravilhosa”, completou a atriz.

Produzido pela Brancalyone, o monólogo terá direção de Beatriz Barros, nome responsável por montagens de sucesso, como “O Avesso da Pele”. Com estreia prevista para meados de 2026, em São Paulo, “Rita Lee: Balada da Louca” promete ser uma homenagem sensível e profunda à artista que transformou a música brasileira com irreverência, humor e autenticidade.

Lilia Cabral Bertolli Figueiredo nasceu em São Paulo, no dia 13 de julho de 1957, e é uma das atrizes mais respeitadas da dramaturgia brasileira.

Ao longo de sua trajetória, ela acumulou prêmios importantes, entre eles um Grande Otelo, quatro Troféus Imprensa, um Prêmio APCA, um Prêmio Shell e três Prêmios Qualidade Brasil, além de ter sido indicada duas vezes ao Prêmio Emmy Internacional de Melhor Atriz.

Filha do italiano Gino Bertolli e da portuguesa Almedina Sofia Cabral, Lilia cresceu na Lapa, bairro da zona oeste paulistana. A origem familiar e a disciplina herdada dos pais marcaram sua formação artística e pessoal.

Em entrevistas, a atriz já contou que a morte da mãe, em 1987, a levou a enfrentar um período difícil, com episódios de depressão e síndrome do pânico, que superou por meio de acompanhamento psicológico.

Formada em Artes Cênicas pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo, em 1978, Lilia iniciou a carreira no teatro com a peça “Marat-Sade”, e logo se destacou em montagens como “Divinas Palavras” e “Estado de Sítio”.

No mesmo ano, estreou na televisão e, em 1981, ganhou projeção nacional com a novela “Os Imigrantes”, da Band, escrita por Benedito Ruy Barbosa, onde viveu Angelina, neta do personagem de Rubens de Falco.

O talento chamou a atenção da Rede Globo, que a contratou em 1984 para o elenco de “Corpo a Corpo”, novela de Gilberto Braga. A partir daí, Lilia nunca mais ficou fora da televisão. Vieram personagens como Antonieta em “Hipertensão” (1986), Lena na primeira fase de “Mandala” (1987) e Aldeíde Candeias em “Vale Tudo” (1988), onde contracenou com Reginaldo Faria.

No fim da década, brilhou também em “Tieta” (1989), vivendo a beata Amorzinho, papel que ampliou seu reconhecimento junto ao grande público.

Durante os anos 1990, a atriz consolidou-se como uma das maiores intérpretes de sua geração. Fez parte de produções como “Salomé”, “Pedra Sobre Pedra” e “Pátria Minha”.

A parceria com o autor Manoel Carlos teve início em “História de Amor” (1995), no papel da neurótica Sheila, e se repetiria em várias produções seguintes. Em “Anjo Mau” (1997), interpretou Goreti; em “Meu Bem Querer” (1998), deu vida à perua Verena; e, no ano seguinte, integrou o elenco de “Malhação”, como a mãe da protagonista.

Nos anos 2000, Lilia manteve uma presença constante nas novelas da Globo. Foi Ingrid em “Laços de Família” (2000), Daphne em “Estrela-Guia” (2001), Edith em “Sabor da Paixão” (2002), e a vilã cômica Bárbara Albuquerque em “Chocolate com Pimenta” (2003).

Em “Páginas da Vida” (2006), viveu Marta Toledo Flores, uma das personagens mais marcantes de sua carreira, papel que lhe rendeu prêmios e uma indicação ao Emmy Internacional. Dois anos depois, emocionou o público como Catarina em “A Favorita” (2008) e, em 2009, interpretou Tereza, em “Viver a Vida”, além de protagonizar o filme “Divã”, sucesso de público e crítica.

Em 2011, alcançou o auge da popularidade ao interpretar Griselda Pereira, a “Pereirão”, protagonista de “Fina Estampa”. A personagem, símbolo de força e dignidade, garantiu à atriz uma série de prêmios de melhor atriz naquele ano.

Na sequência, protagonizou “Saramandaia” (2013), viveu a poderosa Maria Marta em “Império” (2014), papel que também lhe rendeu reconhecimentos como o Troféu Imprensa e o Prêmio Extra de Televisão, e participou de produções como “Liberdade, Liberdade” (2016), “A Força do Querer” (2017), “O Sétimo Guardião” (2018) e "Garota do Momento" (2024).

Fora da televisão, Lilia mantém uma sólida trajetória no cinema e no teatro. No palco, é lembrada por sua entrega e profundidade emocional em montagens que exploram temas humanos e sociais. Já nas telas, destacou-se em filmes como “Divã 2” e “Maria do Caritó”, reafirmando sua capacidade de transitar entre o drama e a comédia com a mesma intensidade.

Na vida pessoal, Lilia foi casada com o cineasta João Henrique Jardim entre 1986 e 1993. Após o divórcio, uniu-se ao economista Iwan Figueiredo, com quem teve sua única filha, Giulia Bertolli Figueiredo, nascida em 1997, que também seguiu os passos da mãe na carreira artística.