A crescente presença e influência da cultura brasileira em Portugal tem gerado reações diversas entre os portugueses.

Um exemplo recente é a adoção do PIX por supermercados na cidade de Braga, considerada um reduto de imigrantes brasileiros.

O PIX é um meio de pagamentos e transferências desenvolvido pelo Banco Central para facilitar as transações financeiras. Atualmente, é o meio de pagamento mais utilizado no Brasil.

Segundo a BBC News Brasil, a rede de supermercados Continente ainda pretende expandir o uso do PIX para mais lojas.

A medida gerou críticas de páginas ligadas à direita radical, que veem essa "brasileirização" como uma ameaça à identidade portuguesa.

Nas redes sociais, brasileiros respondem com humor, brincando com a ideia de uma "recolonização" e apelidando Portugal de "Guiana Brasileira" — uma referência irônica ao passado colonial.

Atualmente, mais de 510 mil brasileiros vivem legalmente em Portugal, representando a maior comunidade estrangeira no país.

Essa presença se reflete na cultura, no comércio e até na língua: palavras como "grama", "geladeira" e "dica" já são comuns no vocabulário português, especialmente entre jovens que consomem conteúdo brasileiro nas redes sociais.

Até mesmo o Carnaval de Lisboa incorporou oficialmente o Carnaval Brasileiro de Rua a partir de 2025.

Outro exemplo é que universidades portuguesas recebem cerca de 19 mil estudantes do Brasil, muitos atraídos pelo reconhecimento das notas do Enem.

Parte da população portuguesa associa a imigração brasileira ao aumento da criminalidade, à perda de empregos e até a uma "corrupção" da língua portuguesa.

Dados oficiais mostram que as denúncias de xenofobia contra brasileiros aumentaram 505% entre 2017 e 2021.

Influenciadores e políticos, como os do partido Chega, alimentam esse discurso, defendendo políticas anti-imigração.

Alguns especialistas apontam que Portugal não revisou criticamente seu colonialismo, ao contrário do Brasil, onde o tema é mais debatido.

Apesar das tensões, sociólogos como Pedro Góis, da Universidade de Coimbra, afirmam que a ideia de uma "invasão brasileira" é exagerada.

"É uma mistura natural que está a acontecer. Não é uma invasão. E está longe de ser uma colonização, é mais uma partilha", disse ele.

Além dos supermercados, outros estabelecimentos portugueses como a loja de departamento El Corte Inglés e a rede de eletroeletrônicos Wortenain já passaram a aceitar o PIX como meio de pagamento possível.

Desde que foi lançado, em 2020, o PIX revolucionou a forma como brasileiros transferem dinheiro e realizam pagamentos, substituindo gradualmente métodos tradicionais como TED, DOC e até mesmo o uso de dinheiro em espécie.

Uma das principais curiosidades sobre o PIX é a sua velocidade: as transações são concluídas em até 10 segundos, 24 horas por dia, todos os dias da semana, inclusive feriados.

Outra curiosidade é que o PIX não é apenas para transferências entre pessoas; ele pode ser utilizado para pagar boletos, compras em estabelecimentos comerciais (tanto físicos quanto online) e até mesmo para realizar saques em dinheiro em alguns estabelecimentos que oferecem o "PIX Saque" e o "PIX Troco".