
Com quase 76 anos, Luiz Fernando Guimarães segue surpreendendo. Ator consagrado, bem-humorado e apaixonado pela arte, ele encara novos desafios e compartilha sua visão sobre envelhecimento, família e arte. Sua trajetória é marcada por personagens icônicos e uma vida cheia de propósito.
Luiz protagoniza “Quem é morto sempre aparece”, comédia dos Estúdios Globo. Interpreta um milionário encontrado morto por um porteiro e um trambiqueiro. A dupla tenta lucrar com o cadáver, arrastando-o por todos os lados em uma comédia irreverente.
Interpretar um morto exigiu que Luiz permanecesse imóvel por longos períodos, sendo carregado e até colocado de patins. Ele considera esse papel um dos mais difíceis da carreira por exigir controle absoluto do corpo: "Foram cenas intermináveis. Me levavam para todos os lados. Ultrapassei meus limites de forma maravilhosa. Sou muito agitado”.
Luiz acredita que envelhecer é cheio de contradições: há vantagens como gratuidade no transporte, mas também dores musculares e visitas frequentes ao médico. Ele encara o envelhecimento com leveza e sinceridade: "Estou velho, sim, mas me sinto bem", afirmou, em entrevista ao jornal 'O Globo'.
Apesar dos 75 anos, Luiz diz que não se sente com essa idade. E valoriza o presente: " Tem dias que acordo com 50 anos, aí depois do almoço eu fico com 100. Gosto de ter essa idade, não voltaria no passado".
A chegada dos filhos Dante e Olívia trouxe alegria e jovialidade à vida de Luiz. Ele se reconectou com sua infância e passou a enxergar o mundo com mais leveza e curiosidade. Entende os momentos de silêncio e portas fechadas dos adolescentes, mas insiste no diálogo: "Nos damos muito bem, são poucos os conflitos".
O ator reconhece que também precisa de seus momentos de recolhimento e respeita o espaço dos filhos, embora valorize a troca emocional com eles: "A minha coisa de pai é gostar de abraçar. O menino não gosta muito, mas a menina gosta".
Luiz Fernando Guimarães nunca teve medo da morte, mas hoje a vê como um risco de desaparecer da vida dos filhos. Por isso, ele se cuida mais e deseja viver o suficiente para vê-los crescer.
Luiz considera Fernanda Torres e Fernanda Montenegro como parte da família. Acompanhou de perto a trajetória de Torres em "Ainda Estou Aqui" e guarda muitas memórias afetivas com ambas. Sobre o Oscar, relembra: “Estava no sítio, tentei assistir e dormi. Acordei com ela me ligando: ‘Ganhei’.”
Recentemente, aliás, ele revelou o desejo de comemorar seus 50 anos de carreira nos palcos, em uma peça de teatro que reuniria Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.
Luiz recebe diariamente memes e trechos da série “Os Normais” no Instagram. Ele se diverte com a repercussão contínua e o carinho do público por esse trabalho marcante: “Toda hora vejo as pessoas compartilhando cenas. Guardo com muito carinho, é muito legal".
Para o ator, o bom humor é atemporal e só perde valor quando constrange. Ele acredita que o riso deve gerar identificação e bem-estar, não desconforto: "O bom humor não envelhece. O humor deixa de ser bom quando você escuta e não te bate bem”.
Seu início de carreira na TV Globo se deu com novelas. A saber, "Cambalacho" e "Vereda Tropical". Ele também protagonizou alguns programas de humor, incluindo "TV Pirata", "Programa Legal", "Brasil Legal" e "Os Normais".
Entre eles, destaca os trabalhos na “TV Pirata” e em “Os Normais”. A lista dele também inclui “O Super Sincero” como uma das experiências que geraram forte conexão com o público. Assim, ele valoriza a autenticidade desses personagens: "Sou grato. Tive personagens incríveis na minha carreira".
Após lançar sua biografia em 2022, Luiz Fernando Guimarães já tem histórias suficientes para escrever outro livro. Ele pretende esperar alguns anos para lançar a nova obra, recheada de vivências recentes.
O ator vê as redes sociais com bons olhos: lê os comentários, valoriza o retorno positivo e encara críticas com tranquilidade: “São ferramentas bacanas para conversar com quem te admira e você nem imagina. É algo que me dá conforto. Quando 10% falam coisas que não têm nada a ver, não perco a cabeça. Foco nos outros 90%”.
Luiz é um amante da floresta e tem uma relação especial com a Amazônia, origem de seus filhos. Já participou de ações ambientais e criou uma floresta em seu sítio em Itaguaí, no Rio de Janeiro, durante a pandemia.
A experiência de plantar e esperar anos para ver crescer uma floresta trouxe ensinamentos. Segundo ele, deixou de ser impaciente e passou a valorizar o tempo da natureza. Apesar de ter voltado a morar no Rio, Luiz e a família pretendem passar mais tempo no sítio, que segue como um refúgio emocional e espiritual.
Para Luiz Fernando Guimarães, o teatro é como uma partida de vôlei: exige entrega total e, no fim, deixa a alma lavada. Com 50 anos de trajetória nos palcos, ele segue apaixonado pela arte e determinado a continuar atuando por muitos anos.
Tanto que, em comemoração ao meio século de carreira, ele retorna aos palcos em novembro/2025 com "Curto-Circuito", peça que retrata o comportamento humano e aborda situações comuns de desistência e ansiedade, como fazer uma ressonância ou perder o sono antes de um dia importante. Ele interpreta oito cenas que todo mundo já vivenciou algum dia.
Ao lado da jovem Leticia Augustin, Luiz dá vida a múltiplos personagens que expõem, com humor ácido, os dilemas modernos. As cenas misturam situações absurdas e críticas afiadas às manias do cotidiano. O resultado é um retrato provocativo do mundo contemporâneo.
O ator convidou amigas como Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Regina Casé, Debora Bloch e Patrycia Travassos para participarem com áudios na peça, enriquecendo a narrativa.
Luiz Fernando, inquieto por natureza, transforma cada apresentação em uma catarse pessoal. Para ele, a conexão direta com o público e a força do palco são formas essenciais de expressão e entrega.
Recentemente, ele estrelou o longa da Globo "Um Tio Quase Perfeito 3", contracenando com Marcus Majella, e também comandou o especial "Falas da Vida" ao lado de Susana Vieira, exibido em outubro de 2025.
Com uma carreira vibrante e uma vida intensa, Luiz Fernando Guimarães segue encantando gerações. Ele é exemplo de como envelhecer com humor, amar com intensidade e viver com coragem.