A Academia Brasileira de Letras prestou uma homenagem póstuma ao poeta Mario Quintana ao criar a cadeira 41, dedicada a autores que não conseguiram integrar a instituição em vida. Quintana, que tentou três vezes ser eleito, agora passa a figurar simbolicamente entre os imortais da literatura brasileira.
A iniciativa busca reconhecer a importância de sua obra e corrigir uma antiga lacuna da ABL. O gesto também reacende o interesse pelo legado do autor gaúcho, conhecido por sua poesia sensível e por sua contribuição à cultura nacional.
Recentemente, a Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre, comemorou seus 35 anos com uma série de novidades que marcam uma nova fase da instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul.
A campanha de aniversário, intitulada “Viva a casa de todas as culturas”, destacou tanto a revitalização de espaços quanto a oficialização de mudanças na direção e o lançamento de uma programação cultural gratuita para a comunidade.
Entre as melhorias anunciadas está a ampliação da Biblioteca Érico Veríssimo, que passa a abrigar acervos do Museu de Arte Contemporânea do RS, incluindo catálogos, monografias e livros de artes visuais.
O espaço também oferece obras completas de Érico Veríssimo e Mario Quintana, literatura contemporânea nacional e internacional e títulos exigidos nos vestibulares da UFRGS.
A Sala Romeu Grimaldi foi incorporada à biblioteca, ampliando a área destinada a exposições, encontros íntimos e atividades de estudo. Já o Teatro Bruno Kiefer está recebendo a maior obra de revitalização desde sua inauguração.
As várias iniciativas se somam a obras de restauro em diferentes áreas do prédio, após os danos provocados pela enchente que atingiu o espaço, com águas alcançando até 1,5 metro de altura e obrigando a suspensão das atividades por mais de três meses.
A instituição foi inaugurada em 1990 e seu nome é uma homenagem ao célebre poeta Mário Quintana. O local abrigou anteriormente o Hotel Majestic, onde o escritor residiu.
Mário de Miranda Quintana nasceu em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 30 de julho de 1906, e faleceu em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, aos 87 anos, vítima de insuficiência cardíaca e respiratória. Poeta, tradutor e jornalista, ele é considerado um dos principais expoentes da segunda geração do modernismo brasileiro.
Sua obra literária se destaca por uma linguagem simples, repleta de ironia, marcada por temas do cotidiano. Quintana viveu grande parte de sua vida em Porto Alegre, onde, ainda jovem, estudou no Colégio Militar.
Após atuar em diversos ofícios, inclusive trabalhando na farmácia do pai, desenvolveu carreira no jornalismo e destacou-se como escritor, lançando seu primeiro livro de poemas, “A Rua dos Cataventos”, em 1940.
Ele também se notabilizou como tradutor prolífico, chegando a traduzir mais de 130 obras da literatura universal, entre elas “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust, “Mrs Dalloway”, de Virginia Woolf, e “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry*.
Ao longo de sua carreira, Quintana recebeu importantes reconhecimentos. Em 1966, foi lançada sua “Antologia Poética”, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, no ano em que completava 60 anos.
Em 1976, ele recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do Rio Grande do Sul. Já 1980, foi laureado com o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra; e em 1981 ganhou também o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano.
Apesar de sua importância literária, Mário Quintana jamais foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, tendo concorrido por três vezes sem alcançar os votos necessários.
Em sua vida pessoal, jamais se casou nem teve filhos. Ele morou por muitos anos em hotéis de Porto Alegre - entre 1968 e 1980 viveu no Hotel Majestic, e depois residiu em outro apart-hotel no centro da cidade.
Sua obra inclui inúmeros livros de poemas, contos infantis, antologias e traduções. Além de “A Rua dos Cataventos”, outras obras marcantes do poeta gaúcho são “Canções”, “Sapato Florido”, “Espelho Mágico”, “Caderno H”, “Quintanares”, entre outras.
Além de dar nome ao centro cultural, Quintal foi homenageado batizando escolas, ruas e bairros, além de frequentemente ser tema de edições comemorativas e antologias póstumas