Um estudo divulgado em novembro/24 na revista American Geophysical Union, revelou que um "microburst" causado pelas mudanças climáticas tem derrubado árvores de grande porte na Amazônia.

Esse fenômeno tem causado um impacto direto na estrutura, na composição e no equilíbrio de carbono das florestas da região.

O microburst, também chamado de microexplosão atmosférica, é um fenômeno caracterizado por uma corrente de vento extremamente forte que se desprende de uma nuvem de tempestade e desce com grande intensidade em direção ao solo.

Apelidado também de "downburst", é considerado o oposto de um tornado, embora possua um poder destrutivo equiparável.

Esse evento consiste em uma massa de ar frio e denso que, ao atingir o solo, se espalha em todas as direções, gerando ventos intensos que podem alcançar grandes velocidades.

De acordo com o estudo, as microexplosões atmosféricas estão se tornando mais frequentes na Amazônia nos últimos anos.

Em 33 anos, foram identificados mais de 3 mil grandes episódios de queda de árvores provocados por ventanias intensas.

Os resultados da pesquisa também revelam que a quantidade de árvores derrubadas por esses eventos aumentou quase quatro vezes entre 1985 e 2020.

Esse fenômeno é mais frequente durante o verão, quando as temperaturas elevadas e a alta umidade criam condições ideais para a formação de nuvens de tempestade.

Essas nuvens, que podem atingir altitudes de até 20 km, são capazes de gerar ventos extremamente fortes, conforme destaca o National Weather Service, dos Estados Unidos.

Com os ventos podendo superar 200 km/h durante uma microexplosão atmosférica, árvores são derrubadas e até algumas construções podem sofrer estragos.

O evento é frequentemente acompanhado por um som alto e estrondoso, muitas vezes comparado ao barulho de um trem de carga.

Em outros cenários, o "microburst" representa um sério perigo para a aviação, pois pode provocar uma perda abrupta de sustentação durante as fases de decolagem e pouso.

Em agosto/24, um dos mais renomados espetáculos aéreos dos Estados Unidos teve que ser cancelado devido à ocorrência desse fenômeno na Base Aérea de McConnell, no Kansas.

A força dos ventos foi tão intensa que chegou a virar alguns aviões. Dez pessoas ficaram feridas.

De acordo com a Base, todas as aeronaves presentes no evento sofreram algum tipo de avaria.

No Brasil, o fenômeno já causou estragos também no Rio Grande do Sul. Em junho/24, uma microexplosão atingiu a área de São Luiz Gonzaga, no Noroeste do estado.

Na ocasião, pelo menos 1,2 mil residências foram afetadas, impactando cerca de 15 mil pessoas.

Construções foram destelhadas — incluindo o Museu Arqueológico —, postes derrubados e parte da cidade chegou a ficar sem luz.

Neste caso, a microexplosão ocorreu devido à instabilidade gerada por uma frente fria, combinada com o fluxo de umidade vindo do norte do Brasil.