Tony Tornado, pioneiro do soul e do funk no Brasil, será tema de um musical previsto para estrear em 2026. Intitulado "Tony - Uma viagem pela música black do Brasil", o espetáculo está em fase de captação de recursos e deve passar por São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba.
Com 95 anos, o artista segue em plena atividade, atuando na novela "Êta Mundo Melhor" e levando aos palcos o show "Soul & emoção", celebrando uma trajetória que marcou gerações.
Antes da estreia da novela, o ator comentou: "Pô, me desenterraram. Ah, que coisa horrorosa, mas foi bom, eu estou feliz da vida", disse Tony, com bom humor e comemorando mais um trabalho em televisão.
A novela 'Êta Mundo Melhor' foi uma sequência de 'Êta Mundo Bom', de 2016. Ele interpretou Lúcio, dono de uma rádio que teve um romance no passado com Margarida, vivida por Nívea Maria. Veja a trajetória desse artista talentoso e longevo.
Antônio Viana Gomes, mais conhecido como Tony Tornado, nasceu em 1930 em Presidente Prudente, interior de São Paulo.
Filho de pai guianense e mãe brasileira, ele viveu com os pais até os 17 anos.
Na juventude, ele sonhava em ser paraquedista, mas antes disso trabalhou como engraxate e chegou a vender amendoim para ajudar no sustento.
Em 1948, Tony se mudou para o Rio de Janeiro. No ano seguinte, entrou para o Exército, onde conheceu Silvio Santos.
Antes de seguir o caminho artístico, Tony ficou 13 anos servindo no Exército. Na década de 1960, começou a se apresentar na rádio Mayrink Veiga imitando cantores americanos.
Mais tarde, foi para Nova York, onde teve uma vida difícil. Lá, ele chegou a trabalhar como cafetão no bairro do Harlem.
Em 1971, durante um show de Elis Regina, Tony subiu no palco, abraçou a cantora e levantou o punho fechado — um gesto de resistência, inspirado nos Panteras Negras, movimento que combatia o racismo nos Estados Unidos.
Na mesma hora, foi retirado do local algemado. Anos depois, ele relembrou: "Sempre achavam que eu agitava e eu não agitava. Até que um dia falaram: 'vamos mandar esse negão embora'. Aí, me botaram no avião e eu fui embora".
Depois disso, Tony foi exilado e passou por vários países, como Uruguai, Tchecoslováquia (hoje extinta), Coreia do Norte, Cuba e Rússia.
Quando voltou ao Brasil, adotou o nome artístico Tony Tornado e começou a ganhar reconhecimento nacional.
Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi sua vitória no Festival Internacional da Canção de 1970 com a música “BR-3”, ao lado do Trio Ternura.
Além de sua carreira musical, Tony Tornado se destacou como ator de televisão e cinema. Fez vários testes até conseguir seu primeiro papel como João Corisco, na novela "Jerônimo, o Herói do Sertão", exibida pela TV Tupi.
Tony participou de diversas novelas da Rede Globo. Um dos seus primeiros — e mais marcantes — papéis foi em "Roque Santeiro" (1985), quando interpretou Rodésio.
Na TV brasileira, Tony foi um dos primeiros a usar o cabelo "black power", símbolo de orgulho e resistência negra.
Outras novelas marcantes da carreira de Tony Tornado foram: "Sinhá Moça" (1986), "Agosto" (1993), "A Viagem" (1994), "Kubanacan" (2003) e "Amor Perfeito" (2023).
Tony também trabalhou ao lado dos "Trapalhões", fez parcerias com o humorista Chico Anysio e participou de outras produções da Globo como "Caça Talentos", "Sai de Baixo", "Sob Nova Direção" e "Zorra Total".
Tony também fez uma vasta carreira no cinema, participando de filmes como "Pixote: A Lei do Mais Fraco" (1981), de Hector Babenco, e "Quilombo" (1984), de Cacá Diegues, entre outros.
No início da década de 1970, Tony foi casado com a atriz Arlete Salles. Além disso, ele é pai do também ator e cantor Lincoln Tornado, com ele na foto.
Com sua voz marcante, energia contagiante e seu pioneirismo musical, Tony Tornado é considerado até hoje uma lenda viva da música e da televisão brasileira!