Um navio a vapor construído em 1914, nos Estados Unidos, foi transformado em um hotel de luxo na ilha de Bintan, na Indonésia.

O SS Medina teve várias funções ao longo de sua história centenária: transportou carga, serviu na Segunda Guerra Mundial e foi navio de cruzeiro, o MS Franca C.

Além disso, em 1977, a embarcação foi adquirida por por uma organização cristã e funcionou como navio missionário e uma biblioteca flutuante.

Por três décadas, o navio percorreu mais de 100 países sob o nome de "MV Doulos".

Após ser desativado em 2010, o navio esteve prestes a ser desmontado, mas foi comprado pelo empresário singapurense Eric Saw.

Ele investiu cerca de US$ 18 milhões (aproximadamente R$ 97,7 milhões) para transformá-lo em um hotel de luxo na ilha de Bintan, Indonésia.

Segundo o empresário de 74 anos, reformar e dar um novo propósito ao navio foi “um chamado de Deus”.

O processo de reforma foi complexo. Foi necessário rebocar o navio de 6.800 toneladas, já sem motores, usando enormes bolsas de ar como rolos e guinchos mecânicos.

O avanço era de apenas cinco metros nos dias bons, estendendo a operação para sete semanas, muito mais que o previsto inicialmente.

Para recebê-lo, foi preciso escavar fundo do mar para criar uma bacia. Uma plataforma de concreto foi construída, apoiada em estacas fincadas a mais de 40 metros de profundidade no solo.

Batizado de Doulos Phos ("Servo da Luz"), o hotel preserva a autenticidade naval, com quartos chamados de "cabines" e funcionários de "tripulação".

Já o interior mantém elementos históricos, como a casa de máquinas e botes salva-vidas, enquanto os quartos oferecem conforto moderno. Detalhes como rebites originais recuperados durante a reforma foram reaproveitados e incorporados em móveis e acabamentos do hotel.

A inauguração inicial ocorreu em 2019, mas a pandemia interrompeu as operações; o hotel só retomou atividades após a reabertura das fronteiras de Singapura em 2023.

As diárias variam entre 1,7 e 3,8 milhões de rúpias indonésias (ou seja, de cerca de R$ 572 a R$ 1.278).

Saw afirma que mantém o projeto como missão cristã, destinando os lucros a causas sociais.

“Ela não passa de uma massa de aço. É o que fazemos com ela que dá sentido", pontuou o empresário em entrevista à CNN.

Uma curiosidade é que o casco do SS Medina foi construído com a mesma técnica do Titanic: chapas de aço unidas por rebites, uma vez que a soldagem só se popularizou na construção naval a partir dos anos 1930.