O laudo pericial feito pelo Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro confirmou que Juliana Marins, de 26 anos, morreu em decorrência de múltiplos traumas pelo corpo. Vale lembrar que a brasileira caiu em uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, e o resgate durou mais de quatro dias.
O procedimento no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro da cidade, ocorreu a pedido da família, com autorização da Justiça Federal e apoio da Defensoria Pública da União. Parentes da jovem queriam saber se ela ficou viva por dias aguardando o resgate.
O laudo informou que o embalsamamento realizado antes da necropsia impediu que os especialistas estimassem com precisão o horário da morte. Isso também dificultou a avaliação de sinais de hipotermia, desidratação ou indícios de outros tipos de violência.
Desse modo, peritos acreditam que Juliana sobreviveu por no máximo 15 minutos após o impacto. Ela, então, teve lesões poliviscerais e politraumatismo, compatíveis com impacto de alta energia cinética.
A primeira autópsia, feita no dia 26/6 em um hospital de Bali, concluiu que Juliana morreu por causa de múltiplas fraturas e lesões internas, com intensa hemorragia.
Ainda segundo o legista indonésio, a publicitária sobreviveu por menos de 20 minutos após o trauma. Além disso, ele descartou hipotermia como uma das causas, porém não informou a data e o horário em que a morte possa ter ocorrido.
A irmã de Juliana também se queixou da conduta da direção do hospital, que fez uma coletiva para divulgar o laudo da autópsia antes mesmo de comunicar o resultado à família da jovem.
Segundo o governo da Indonésia, o resgate demorou por causa das más condições do local: clima severo e baixa visibilidade. Três equipes participaram das buscas, incluindo duas que são do chamado "esquadrão Rinjani", formado por socorristas voluntários.
No entanto, o acesso à jovem só ocorreu no quarto dia após a queda, e ela já estava morta. Assim, o corpo foi transportado ao posto de Sembalun e, depois, levado de avião ao hospital Bayangkara, com a necrópsia realizada em Bali.
Juliana caiu no penhasco do vulcão enquanto participava de uma trilha no Monte Rinjani, um dos destinos mais famosos da Indonésia. Primeiro, ela teve uma queda de 300 metros e ficou num espaço pequeno do paredão.
No sábado, dia 21 de junho, ela foi vista com vida pela última vez, com o auxílio de uma drone, quando ainda se movimentava no local. Depois, a jovem deslizou mais 300 metros, ficando imóvel 600 metros abaixo do ponto da queda.
Na terça-feira (24/06), a família confirmou por meio de um post nas redes sociais, que ela tinha sido encontrada já sem vida, o que causou a revolta de muitos brasileiros pela demora no resgate.
O pai de Juliana, Manoel Marins, viajou para a Ásia para acompanhar o processo. Em 26/6, ele postou vídeo nas redes sociais sobre a dor da família, que "aumenta a cada dia" e que vinha chorando muito.
Nos últimos cinco anos, o Parque Nacional do Monte Rinjani, na Indonésia, registrou oito mortes e 180 feridos em acidentes, segundo dados do governo local. O número de acidentes na região tem aumentado, com 60 casos registrados em 2024, quase o dobro de 2023.
A maioria dos acidentes, segundo o governo indonésio, ocorre por falhas dos próprios turistas, como uso inadequado de equipamentos, despreparo físico e desrespeito às trilhas oficiais.
Juliana participava de uma trilha de três dias pelas encostas do Monte Rinjani, considerada uma das mais difíceis da Indonésia, com altitudes superiores a 3.700 metros.
Imagens divulgadas em uma conta no Instagram dedicada ao caso mostram Juliana caminhando e posando para fotos pela trilha, momentos antes do acidente.
O Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia, localizado na ilha de Lombok, localizado a leste da capital Bali. Em altura, ele é superado apenas pelo Monte Kerinci, em Sumatra, que tem 3.805 metros.
A região ao redor do monte faz parte do Parque Nacional de Gunung Rinjani, uma área protegida de grande importância ecológica e cultural da Indonésia.
A impressionante caldeira do vulcão, que abriga o lago Segara Anak, foi formada após uma erupção há cerca de 700 anos.
No interior do lago, o cone vulcânico chamado "Gunung Barujari" continua ativo até os dias de hoje.
A região também é conhecida por suas trilhas desafiadoras, paisagens exuberantes e vistas panorâmicas que revelam tanto o oceano quanto os vales florestais da ilha. Para os habitantes locais, o Monte Rinjani tem um profundo significado espiritual.
Muitos realizam peregrinações ao lago para fazer oferendas e rituais, acreditando que as águas possuam poderes de cura.
Além disso, o vulcão desempenha um papel importante na agricultura da região, pois suas encostas férteis sustentam plantações de arroz, café e outros cultivos.