Um novo documento lançado no 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia mudou a forma de classificar e tratar a pressão arterial no Brasil.
A diretriz foi endossada por três sociedades médicas: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
Agora, valores entre 12 por 8 e 13,9 por 8,9 são considerados pré-hipertensão, exigindo atenção médica e mudanças no estilo de vida.
O alvo de tratamento também ficou mais rígido: todos os hipertensos devem manter a pressão abaixo de 13 por 8, padrão alinhado às diretrizes internacionais.
Esse limite independe de idade, sexo ou outras doenças — a meta anterior era abaixo de 14 por 9.
A intenção é reduzir complicações como infarto, AVC e insuficiência renal.
Agora, passa a ser considerado hipertensão pacientes que registram medições acima de 14 por 9.
O documento aponta que a melhor forma de se medir é utilizando um aparelho tradicional, de braço, em um consultório médico.
Pela primeira vez, a diretriz incorpora o cálculo de risco cardiovascular (escore PREVENT), que avalia variáveis como obesidade, diabetes e colesterol para calcular o risco de incidentes em 10 anos.
O método permite condutas mais personalizadas a depender de cada paciente.
A diretriz indica ainda adaptações do Sistema Único de Saúde (SUS), como, por exemplo, priorizar medicamentos já disponíveis na rede.
Outro trecho tem diretrizes para fases de vulnerabilidade feminina, como o acompanhamento a longo prazo necessário para quem teve hipertensão durante a gravidez.
Também passa a ser recomendado medir a pressão antes da prescrição de anticoncepcionais.
O documento reforça a importância de controle de peso, redução de sal, alimentação saudável e prática de atividade física regular.
Uma das recomendações inclui a chamada "Dieta DASH", rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras.
Frutas, verduras, laticínios magros (produtos derivados do leite), cereais integrais e carnes magras são recomendados.
Por outro lado, gorduras saturadas, carnes gordurosas, grãos refinados e açúcar são desaconselhados pelo documento.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, 27,9% dos adultos brasileiros têm hipertensão.
Com a nova classificação, o desafio agora passa a ser transformar essas recomendações em prática clínica, especialmente no SUS, onde estão a maioria dos pacientes.