Caetano Veloso e Maria Bethânia foram indicados ao Grammy 2026 na categoria Melhor Álbum de Música Global com seu disco ao vivo. Eles concorrem frente ao rapper nigeriano Burna Boy, o cantor indiano Siddhant Bhatia, o senegalês Youssou N'Dour, a banda de jazz Shakti e a britânica Anoushka Shankar em parceria com Alam Khan e Sarathy Korwar, ambos de origem indiana.

"É um motivo que a gente festeja. Bethânia também mandou mensagem de voz, alegre, agradecendo. E também agradeci muito a ela", afirmou Caetano, revelando-se muito orgulhoso pela indicação em entrevista concedida a Globo News. Afinal, eles são os únicos brasileiros da lista na edição 2026.

O álbum "Caetano e Bethânia Ao Vivo" disputa, portanto, a maior premiação da música dos Estados Unidos. Os vencedores serão revelados no dia 1º de fevereiro de 2026, em Los Angeles. Ao todo, aliás, serão 95 categorias no Grammy 2026.

Veja agora as carreiras desses artistas que são irmãos e, desde jovens, arrebatam os brasileiros com seu talento e que no decorrer de suas trajetórias também conquistaram o respeito internacional. Eles são filhos de José Teles Veloso (Seu Zezinho) e de Claudionor Viana Teles Veloso, conhecida como Dona Canô.

Caetano Veloso completou 83 anos em 07/08/2025. Em fevereiro de 2024, aliás, ele foi homenageado no carnaval pelo grupo Afoxé Filhos de Gandhy (com Y mesmo, diferentemente do líder indiano) que comemorou 75 anos de existência com reverência ao cantor e compositor brasileiro.

Cantor, compositor, produtor musical, escritor e ativista brasileiro, Caetano Veloso nasceu em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, e começou sua carreira na década de 1960, acompanhado de Bethânia. Em 1965, lançou seu primeiro compacto, "Cavaleiro/Samba em Paz", que foi um sucesso.

Dois anos depois, lançou seu primeiro álbum, "Domingo", que também foi bem recebido pela crítica. Em 1968, Caetano foi um dos fundadores do movimento tropicalista, incorporando elementos de diferentes gêneros musicais, como o rock, o pop e a música eletrônica.

O movimento tropicalista foi um enorme sucesso, e Caetano se tornou um dos seus principais expoentes. Durante o regime militar brasileiro (1964-1985), Caetano foi perseguido pelo governo e exilou-se em Londres, na Inglaterra. Lá, ele gravou alguns de seus álbuns mais importantes, como "Transa" (1972) e "Araçá Azul" (1973).

Depois do fim do regime, Caetano retornou ao Brasil e continuou sua carreira musical. Ao todo, ele lançou quase 50 álbuns, sendo 29 de estúdio e 19 ao vivo. Suas canções foram traduzidas para mais de 20 idiomas e ele já se apresentou em todos os cantos do mundo.

Para além da música, Caetano também é escritor, tendo publicado vários livros de ensaios, crônicas e memórias, como “Verdade Tropical”, lançado em 1997, e “O Mundo Não é Chato”, lançado em 2005.

Entre suas canções mais famosas estão: “Sozinho”, “Leãozinho”, “Você é Linda”, “Alegria, Alegria” e “Não Me Deixe Só”. Multipremiado, Caetano já faturou um Grammy Internacional de Melhor Álbum de Música Global em 2002, por “João Voz e Violão”, além de já ter vencido 13 Grammys Latinos e 11 vezes o Prêmio da Música Brasileira.

Conhecida como uma das maiores cantoras da história da MPB, Maria Bethânia causa frisson por onde passa, com seu timbre único e músicas populares. A artista completou 79 anos em 18/06/2025, com uma trajetória marcante e repleta de canções que tocam o coração.

Maria Bethânia Viana Teles Veloso também nasceu em Santo Amaro, na Bahia. Ela é cantora, compositora e poetisa. Seu nome foi escolhido pelo irmão Caetano, inspirado em uma canção, a valsa "Maria Betânia", do compositor Capiba, sucesso na voz de Nelson Gonçalves.

Aos 17 anos, a cantora fez sua primeira apresentação em Salvador, na peça "Boca de Ouro", de Nelson Rodrigues. Após mudar-se para o Rio de Janeiro, passou a ser nacionalmente conhecida e substituiu a cantora Nara Leão no espetáculo "Opinião", dirigido por Augusto Boal, no Teatro de Arena.

A elogiada interpretação em "Carcará", em 1965, de João do Vale, a lançou rapidamente no rol das grandes cantoras do país. Assinou contrato com a gravadora RCA e seu primeiro álbum recebeu o nome de "Maria Bethânia".

Em 1967, lançou o segundo álbum, intitulado "Edu e Bethânia" (uma parceria com Edu Lobo). Além disso, no ano seguinte, interpretou a canção-tema do filme "O Homem que Comprou o Mundo", de autoria de Francis Hime.

Bethânia se lançou em uma temporada de pequenos shows e recitais realizados em boates cariocas e paulistanas. Lançou seu primeiro álbum ao vivo "Recital na Boate Barroco", que marcou sua estreia na gravadora Odeon.

Ainda em 1968, foi lançada pela sua antiga gravadora RCA, uma coletânea de seus primeiros sucessos ao lado de seu irmão Caetano Veloso e de seu conterrâneo Gilberto Gil, intitulada Velloso-Bethânia-Gil.

Bethânia lançou o seu terceiro álbum de estúdio, com canções de diversos compositores e marcou sua aproximação com a religião do candomblé. Vieram outros discos e Bethânia idealizou o grupo Doces Bárbaros com Caetano, Gal Costa e Gilberto Gil. Era a típica banda hippie dos anos 1970, que seria enredo da Mangueira em 1994.

Bethânia tem bastante apreço pelo catolicismo, frequentando missas e rezando para Nossa Senhora. No entanto, a cantora mantém-se bastante ligada às crenças de matriz africana. Em 1981, ela foi iniciada para a Orixá Oiá (também conhecida como Iansã), no Terreiro do Gantois.

Além de lançar muitos discos, Bethânia fez parte da trilha sonora de novelas, como é o caso de"Fogueira", faixa que foi incluída em "Transas e Caretas". As baladas "Tá Combinado" e "Verdades e Mentiras" integraram as trilhas sonoras das novelas Vale Tudo e Fera Radical, respectivamente.

Em 26 de novembro de 1987, Bethânia foi agraciada com o grau de Oficial da Ordem do Infante Dom Henrique, de Portugal. No início dos anos 90, comemorou 25 anos de carreira com o LP 25 Anos, cujo repertório, essencialmente brasileiro, evocava diversas culturas do país.

O CD "As Canções que Você Fez pra Mim" foi convertido para uma versão hispânica. O trabalho consistiu em um tributo à dupla de cantores e compositores Roberto e Erasmo Carlos, evocando onze parcerias de ambos.

Em 2001, ela desligou-se das grandes gravadoras, transferindo-se para a independente Biscoito Fino. O disco que marca a estreia na nova gravadora é o duplo Maricotinha ao Vivo — comemorativo dos 35 anos de carreira, com regravações dos antigos sucessos.

Venceu, em 2006, o Prêmio TIM de Música (antigo Sharp) onde arrebatou três títulos: melhor cantora, melhor disco (Que Falta Você Me Faz, um tributo a Vinícius de Morais) e melhor DVD (Tempo Tempo Tempo Tempo, comemorativo dos quarenta anos de carreira).

Em 2007, um DVD duplo contemplou dois documentários sobre a artista. Novamente foi a maior vencedora do Prêmio TIM e no ano seguinte juntou-se à cantora cubana Omara Portuondo e seguiu em turnê pelo Brasil e países latinos, como Argentina e Chile.

Em 2015, Maria Bethânia viveu um período de homenagens constantes e perpetuou o encontro com o sambista carioca Zeca Pagodinho no show De Santo Amaro a Xerém, em São Paulo, num DVD.

Maria Bethânia é conhecida por sua voz "eloquente", por apresentar-se na maior parte das vezes com cabelos soltos, vestidos longos e descalça. Em 2016, foi homenageada pela escola de samba do coração, Mangueira, que a consagrou com o título do Carnaval Carioca.

Bethânia foi a primeira mulher a vender mais de 1 milhão de discos no Brasil, e a artista feminina que mais vendeu discos nos anos 1970 no país. Durante sua carreira, a cantora converteu-se em uma recordista em vendas de discos no Brasil, com mais de 26 milhões de álbuns vendidos.

Em 3 de maio de 2023, foi empossada como imortal na Academia de Letras da Bahia, cadeira 18. Muito discreta, a cantora não é vista com frequência em eventos sociais e não teve filhos.