A chegada do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy à prisão La Santé gerou um clima de tensão entre os detentos.

Alguns chegaram a publicar vídeos ameaçando Sarkozy e prometendo vingar Muammar Gaddafi, sugerindo que o ex-presidente esteve envolvido na morte do ex-líder líbio.

Sarkozy foi colocado em uma cela à parte dos outros presidiários, com acesso a televisão e telefone fixo.

Após as ameaças, o Ministro do Interior da França, Laurent Nuñez, determinou a vigilância do local por dois policiais 24 horas por dia.

Segundo a revista Veja, os presos responsáveis pelas ameaças foram identificados e tiveram seus celulares apreendidos.

Sarkozy foi preso na terça-feira (21 de outubro) após ser condenado por financiar ilegalmente a campanha presidencial de Gaddafi, na Líbia.

As acusações são de que ele recebeu milhões de euros do ditador líbio para financiar sua eleição de 2007, em troca de favores diplomáticos à Líbia.

O tribunal o considerou culpado de associação criminosa entre 2005 e 2007, mas o absolveu de outras acusações, como corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha.

Sarkozy nega as acusações e alega ser vítima de perseguição política. Ele já havia sido condenado em 2021 por corrupção e tráfico de influência. Na ocasião, cumpriu prisão domiciliar.

Com a prisão, Sarkozy se tornou o primeiro ex-presidente da França moderna a cumprir pena em regime fechado.

Nascido em Paris em 28 de janeiro de 1955, Nicolas Sarkozy ocupou a presidência da França entre 2007 e 2012.

Ele se formou em direito pela Universidade Paris Nanterre e foi líder do partido de centro-direita União por um Movimento Popular (UMP).

Ele começou a trajetória política como prefeito de Neuilly-sur-Seine (uma dos municípios mais ricos da França), cargo que exerceu de 1983 a 2002.

Sarkozy também ocupou vários cargos ministeriais importantes: foi Ministro do Orçamento no governo de Édouard Balladur, Ministro do Interior em dois períodos (2002 a 2004 e 2005 a 2007), e Ministro das Finanças durante a presidência de Jacques Chirac.

Sua presidência foi marcada por um estilo pessoal enérgico e midiático, com destaque para sua vida privada amplamente exposta.

Na vida pessoal, Sarkozy foi casado com três mulheres diferentes. Ele teve dois filhos com a primeira esposa (Marie-Dominique Culioli) e um com a segunda (Cecília Ciganer-Albéniz).

Em 2008, já ocupando o cargo de presidente, ele se casou com a cantora e ex-modelo Carla Bruni, com quem teve mais um filho, a menina Giulia.

Ao longo do mandato, Sarkozy foi criticado por seu discurso de segurança e imigração, além de algumas declarações polêmicas.

Após deixar a presidência, Sarkozy manteve-se ativo na política, tentando recuperar o comando da direita francesa e reposicionar sua imagem.

No entanto, sua trajetória acabou sendo abalada por diversos escândalos judiciais que culminaram na sua prisão.