Arqueólogos da Universidade do Cairo alertaram para o risco de desabamento da tumba de Tutankamon, no Vale dos Reis, após identificarem rachaduras que atravessam o teto da entrada e das câmaras funerárias.
As fissuras estão permitindo infiltração de água da chuva, o que acelera a corrosão das paredes e compromete a estabilidade do local. Feita de xisto de Esna, uma rocha sensível às variações de umidade, a sepultura pode ceder com o aumento da umidade no solo.
Segundo o pesquisador Sayed Hemeda, os túmulos reais da região exigem intervenção urgente para evitar danos irreversíveis. A última enchente significativa, em 1994, já havia causado impacto estrutural em diversas tumbas, reforçando o alerta sobre a vulnerabilidade das escavações milenares.
Isso ocorre após uma análise de DNA feita por cientistas do Centro Nacional de Pesquisa do Egito e da Universidade do Cairo, em parceria com especialistas alemães, que revelou novas pistas sobre a morte prematura de Tutankamon.
Concluiu-se que ele provavelmente sucumbiu a uma combinação mortal de malária e doenças genéticas decorrentes da consanguinidade da família real. Além disso, a presença de necrose no pé e o uso de várias bengalas - encontradas em sua tumba - corroboram essa hipótese.
O dia 26 de novembro de 1922 ficou marcado pela descoberta da tumba de Tutankamon, uma dos episódios mais importantes da Arqueologia.
O faraó jovem, que reinou há mais de 3.300 anos e morreu precocemente, aos 19 anos, estava numa das tumbas mais bem preservadas do Egito, o que alavancou os estudos de Arqueologia.
Mas havia um porém: diz a lenda que começava ali uma "maldição". Ao longo de 6 anos seguintes, 35 pessoas ligadas à descoberta morreram, inclusive o arqueólogo Howard Carter, responsável pela missão.
Numa das paredes havia uma inscrição em tom ameaçador de uma profecia macabra avisando que quem prejudicasse o "sono" do faraó seria punido.
Atualmente, pesquisadores afirmam que várias mortes foram provocadas por fungos venenosos que proliferaram dentro da tumba. Mas a lenda da maldição persiste.
No túmulo de Carter, no Putney Vale Cemetery, em Londres, está escrito: "Que seu espírito viva, que você passe milhões de anos, você que ama Tebas, sentado com seu rosto ao vento norte, seus olhos contemplando a felicidade", uma citação tirada do Cálice dos Desejos de Tutankamon.
E seu vínculo ao faraó menino é tão histórico que, no local em que ele viveu, na 19 Collingham Gardens, Kensington, Londres, há um aviso: "Aqui viveu o egiptólogo e descobridor da tumba de Tutankamon".
A tumba de Tutankamon passou por uma restauração entre 2009 e 2019, com uma interrupção durante a Revolução Egípcia de 2011.
Especialistas fizeram um trabalho minucioso para recuperar e proteger o patrimônio após quase um século de visitação.
Na restauração, os especialistas descobriram que as manchas marrons nas paredes foram formadas por organismos microscópicos mortos há muito tempo. Não poderiam ser retirados sem afetar os desenhos. Mas não são uma ameaça.
A tumba agora contém a múmia do faraó em uma caixa de vidro, assim como o seu sarcófago exterior, feito de madeira dourada.
O trabalho exigiu a retirada temporária da múmia e Agnew lembrou da maldição: "Foi "aterrorizante. Doze homens carregando a múmia rampa acima. Eu disse: se alguém escorregar, a múmia irá deslizar e matar alguém", brincou.
A tumba de Tutankamon fica no Vale dos Reis, uma vasta região de areia destinada no Antigo Egito ao descanso eterno dos poderosos. O vale fica próximo a Luxor, na margem oeste do Rio Nilo.
Na tumba, foram encontrados cerca de 5 mil objetos que se tornaram tesouros históricos. A maioria está no Museu Nacional do Cairo.
Historicamente, Tutankamon não teve a relevância de faraós que reinaram por décadas, com superpoder, como Ramsés II. Mas tornou-se o mais emblemático por ser o primeiro cuja tumba foi descoberta intacta nos tempos modernos.
Ele assumiu o poder aos 10 anos e, por isso, é chamado de Faraó Menino. Foi rei no período entre 1332 e 1323 a.C. Por meio de pesquisas computadorizadas, cientistas descobriram o verdadeiro semblante de Tutankamon.
As pesquisas também mostraram que, a despeito da fama de maldição, o jovem Tut, na verdade, sofreu bastante por causa de doenças e deficiências.
A máscara mortuária de Tutankamon, de 54 cm de altura, é uma das peças arqueológicas mais famosas do mundo.
Feita de ouro, tem pedras semipreciosas incrustadas para os detalhes dos olhos e das sobrancelhas, do colar e da serpente; e pasta de vidro colorido, que imita o lápis-lazúli, a pedra espiritual dos faraós.