Uma medida aprovada pelo governo de um país pouco conhecido da África tem atraído cada vez mais pessoas em busca de cidadania.

Em 2024, o Benin aprovou uma lei que concede cidadania a afrodescendentes de qualquer parte do mundo cujos ancestrais tenham sido escravizados e deportados da África Subsaariana.

A medida é apresentada como um gesto de reconciliação e reparação histórica pelo tráfico de escravizados, além de ser uma estratégia para atrair turistas, talentos e investimentos.

Entre os interessados pela nova lei estão brasileiros como o chef João Diamante, que visitou o país e destacou semelhanças culturais com a Bahia.

A lei de 2024 torna elegível qualquer pessoa maior de 18 anos, não cidadã de outro país africano, que comprove ancestralidade subsaariana deportada no contexto do tráfico negreiro.

A comprovação é feita por documentação oficial ou teste de DNA (necessário para a maioria).

A solicitação é feita online, com taxa de 100 dólares, e leva cerca de três meses.

A cidadania concede o direito de morar no país e um passaporte, mas não o direito de votar (exceto para quem obtém a cidadania plena, após cinco anos de residência).

A iniciativa já atraiu atenção internacional, com personalidades como a escritora e ativista Sueli Carneiro, e as cantoras Ciara e Lauryn Hill participando de eventos ligados à nova lei.

Já há negociações em andamento para a criação de um voo direto entre Brasil e Benin, possivelmente ligando Salvador ou São Paulo à capital Cotonou.

A intenção é reduzir o tempo de viagem atual de mais de 20 horas para cerca de 6 horas.

O Brasil foi o principal destino de escravizados africanos, o que justifica a conexão com o Benin.

Com cerca de 14 milhões de habitantes, o Benin vem ganhando destaque por sua abertura política e cultural.

Sua capital constitucional é Porto-Novo, mas Cotonou é a maior cidade e o centro econômico e governamental de fato.

O país, antes conhecido como Reino do Daomé, obteve sua independência da França em 1960.

Durante os séculos 12 a 19, o reino foi um dos maiores entrepostos de escravos, o que marca profundamente a história do país.

O idioma oficial de Benin é o francês, herança do período colonial, mas diversas línguas locais, como o fon e o yorubá, são muito faladas.

Culturalmente, o Benin é considerado o berço do Vodu, uma religião tradicional que não só é amplamente praticada no país, mas também exerce uma influência significativa na cultura e nas cerimônias nacionais.

A paisagem é diversa, indo de planícies costeiras ao sul até colinas e savanas no norte.

O turismo também cresce, impulsionado por locais históricos como Abomey, antiga capital do reino.

A economia beninense é uma das mais pobres do mundo e depende fortemente da agricultura de subsistência, do comércio regional e da produção de algodão, que é seu principal produto de exportação.

O país é uma república presidencialista e, desde a transição para a democracia multipartidária na década de 1990, é considerado um dos países mais politicamente estáveis da região.