Ao longo dos séculos, uma dúvida sempre pairou no ar sobre a verdadeira identidade da "musa" de Johannes Vermeer na icônica obra de arte "Moça com brinco de pérola". Assim, o historiador de arte Andrew Graham-Dixon afirmou ao Times of London, que, após estudo, pode ter chegado a uma conclusão.

O historiador, então, contou que Vermeer trabalhou quase exclusivamente para o casal holandês Pieter Claeszoon van Ruijven e Maria de Knuijt em Delft, Holanda. Ambos faziam parte de uma seita cristã radical chamada Remonstrantes.

Chegou-se, então, a conclusão de que a "moça" retratada na tela, trata-se de Magdalena, que tinha 10 anos à época. Ela era filha do casal que costumava encomendar as obras do artista holandês.

"Ela (Magdalena) teria 12 anos no outono de 1667 e, supondo que fosse uma colegiada, de uma ramificação mais radical como seus pais, ela teria solenemente firmado seu compromisso com Cristo naquela idade", afirmou o historiador.

Desse modo, Graham-Dixon observou que a menina estava vestida como Maria Madalena, seguidora de Jesus. Na ocasião, os Remonstrantes moldavam suas vidas em seguidores de Jesus.

O Museu Mauritshuis, em Haia, na Holanda, que abriga a obra-prima do século XVII, contratou neurocientistas para medir a produção cerebral ao ver o retrato e outras obras conhecidas. Na foto, a tela "A leiteira", outra arte de Vermeer.

Eles descobriram que o espectador passa por um fenômeno neurológico que eles chamaram de "loop de atenção sustentado", uma exclusividade da obra do holandês. Vermeer também mostrou sua maestria artística em "Senhora escrevendo carta com sua criada".

A obra "Moça com Brinco de Pérola" fascina, pois o olho do espectador é automaticamente atraído primeiro para o próprio olho da garota e depois para a boca. Em seguida, pela pérola e um retorno ao olho.

"Isso faz com que você olhe para a obra por mais tempo do que outras. Você tem que prestar atenção, quer queira ou não. Você tem que amá-la, quer queira ou não", explicou Martin de Munnik, da empresa de pesquisa Neurensics, que realizou o estudo.

Johannes Vermeer nasceu em Delft, Holanda, em 31 de outubro de 1632. Era filho de um comerciante de arte, o que lhe deu uma familiaridade com este tipo de mercado.

Foi batizado em uma família protestante, mas converteu-se ao catolicismo antes de se casar com Catharina Bolenes, com quem teve 15 filhos.

Passou a maior parte de sua vida em Delft, onde viveu, trabalhou e se tornou um cidadão respeitado, embora tenha morrido pobre aos 42 anos.

Começou a trabalhar como artista por volta de 1654, com seus primeiros trabalhos sendo telas históricas inspiradas em mestres de Amsterdã e Utrecht. Mais tarde, se dedicou às cenas do cotidiano, especialmente com figuras femininas.

Seguiu a carreira do pai, tornando-se negociante de arte e especialista, assim como chegou a chefiar a Guilda de São Lucas em 1662 e 1663.

Produzia poucas telas, pois as fazia com mais frequência quando recebia encomendas. A lentidão em sua produção pode explicar o baixo rendimento em vida, que o forçou a vender quadros para pagar dívidas.

Foi amplamente esquecido após sua morte, com seus quadros sendo vendidos até mesmo com a assinatura de outros artistas

Por outro lado, a crítica o redescobriu no século XIX, e o escritor francês Marcel Proust exaltou seu trabalho em diversos momentos.

Gustav Friedrich Waagen e Théophile Thoré-Bürger, que publicaram um ensaio atribuindo-lhe 66 telas, embora apenas 34 obras sejam universalmente atribuídas a ele atualmente.

Ficou, então, conhecido como o "mestre da luz" devido ao uso magistral da luminosidade e das sombras em suas obras de arte.

Suas obras mais famosas são cenas da vida cotidiana, frequentemente com mulheres realizando atividades domésticas como ler cartas, tocar música ou servir leite.

Era mestre em compor cenas simples, mas cheias de mistério, transmitindo emoções e narrativas complexas através de poucos elementos.

Seus quadros são admirados pelo detalhe minucioso, como o reflexo da luz em objetos, o que sugere uma observação extremamente atenta da realidade.

Johannes Vermeer morreu em 1675 após uma curta enfermidade. A causa exata da morte não é especificada, mas foi listada como uma doença súbita, e ele faleceu aos 43 anos.